Opinião: Botafogo conquista Libertadores de forma épica graças às suas convicções
- Título inédito da Libertadores veio com inferioridade numérica desde os 40 segundos
- Botafogo "enterra" de vez fantasmas do passado e se agiganta no futebol brasileiro
Dentre todos os adjetivos que definam a tarde histórica vivida pelo Botafogo em 30 de novembro de 2024 nenhuma conseguirá explicar totalmente o tamanho da conquista inédita da Libertadores pelo alvinegro carioca, com um roteiro absolutamente surpreendente.
Diante de pelo menos 30 mil alvinegros no Estádio Monumental de Núñez, o Fogão superou o Atlético-MG por 3 a 1 atuando com um jogador a menos desde os 40 segundos de jogo, em uma final que entrou para a história.
Botafogo sustentou suas convicções com um jogador a menos
Todo o prognóstico pré-jogo pensado por analistas, jogadores, torcedores e comissão técnica foi redefinido a partir da expulsão de Gregore, que acertou um chute firme na cabeça de Fausto Vera e recebeu merecidamente o cartão vermelho. No entanto, o Fogão adaptou-se rapidamente ao confronto de 10 contra 11 jogadores graças à inteligência de Artur Jorge.
Montando uma linha de cinco e até seis jogadores com uma excelente compactação no campo defensivo, o Glorioso deixou o rival muito desconfortável na condução das fases de ataque. Sem o repertório ofensivo, observado na longa sequência de jogos sem vencer, o Galo abusou dos cruzamentos na área, os quais estavam sendo afastados por Alexander Barboza e Adryelson.
Após estabilizar-se em campo com a nova formatação tática, o Alvinegro de General Severiano demonstrou tranquilidade para conduzir a reta final do primeiro tempo com um roteiro épico. Aos 34, Luiz Henrique acionou Marlon Freitas na medida e o volante chutou em cima de Júnior Alonso, mas a bola sobrou para o camisa 7 finalizar cruzado e abrir o placar.
Um assunto tão debatido nos últimos dias ressurgiu na equipe de Artur Jorge, pelo aspecto positivo. A resiliência de buscar o gol com a desvantagem numérica contrastou com o impacto emocional sentido pelo Galo. Sete minutos após o primeiro gol, Luiz Henrique recebeu uma bola na medida na área e sofreu pênalti de Everson, que errou o tempo da bola e cometeu a infração. Alex Telles chutou com firmeza no canto esquerdo e abriu uma impressionante vantagem de dois gols.
As necessárias correções táticas que Gabriel Milito precisava executar com urgência ocorreram apenas no início do segundo tempo. Bernard, Mariano e Eduardo Vargas foram acionados nos lugares de Fausto Vera, Lyanco e Scarpa. O experiente lateral-direito foi o destaque da etapa complementar, sendo essencial no suporte da condução ofensiva.
As mexidas do argentino tiveram impacto praticamente imediato, pois o Galo rapidamente descontou o placar com o chileno se desvencilhando da marcação na área em cobrança de escanteio executada por Hulk para testar no ângulo do goleiro John. Com isso, o mental do Botafogo mais uma vez foi colocado à prova, deixando o campo de jogo em uma verdadeira batalha entre ataque e defesa.
O ímpeto do campeão mineiro não durou muito após o gol e a repetida estratégia de bolas aéreas e duelos físicos com Hulk foram ineficazes contra um sistema defensivo muito bem armado pelo técnico português. A situação atleticana piorou quando Deyverson (pouco acionado e com uma final discreta) foi substituído por um Alan Kardec que passou totalmente despercebido. Ainda assim, o Galo chegou perto do empate com duas chances claras de Eduardo Vargas, sendo uma delas no 1v1 contra o goleiro John após falha absurda de Adryelson
Contudo, o roteiro estava muito bem traçado para a torcida botafoguense. Enquanto o chileno desperdiçou a oportunidade de ouro, o Botafogo sacramentou a conquista da “Glória Eterna” com Júnior Santos, responsável pelo primeiro e último gol da campanha memorável do alvinegro na Libertadores.
Ou seja, nada mais simbólico e merecido do que Júnior Santos ficar eternizado como o autor do gol do título mais importante da história alvinegra, fechando a Libertadores na artilharia com a expressiva marca de 20 gols marcados.
Título histórico da Libertadores consolida novo projeto do Botafogo
Com o título histórico, o Botafogo deu um passo gigantesco no trabalho de internacionalização de sua marca comandado por John Textor, ao ganhar o direito de disputar o Mundial de Clubes 2025 e a Recopa Sul-Americana contra o tradicional Racing (Argentina). Além disso, representa o Brasil da nova Copa Intercontinental da FIFA, em dezembro.
Artur Jorge viveu o melhor dia de sua carreira como técnico e também deu um passo enorme para conquistar objetivos maiores visando o futebol europeu a médio prazo. Por fim, com todos esses elementos, o Botafogo pode voltar a levantar a taça do Brasileirão nesta quarta-feira (3), diante do Internacional, em caso de vitória ou empate, dependendo do resultado de Cruzeiro x Palmeiras. O “mais tradicional” finalmente voltou.