Opinião: Brasil sofre choque de realidade contra a Argentina em sua pior derrota desde o 7x1
- Brasil foi dominado do início ao fim em sua pior derrota para a Argentina
- Seleção Brasileira deixou de ser competitiva no cenário internacional

Em sua pior noite desde a goleada de 7 a 1 para a Alemanha na Copa de 2014, a Seleção Brasileira escreveu mais um de seus capítulos vexatórios com a sua maior derrota sofrida em jogos de Eliminatórias da Copa do Mundo. O choque de realidade sobre o péssimo momento da equipe comandada pela CBF ocorreu justamente diante da Argentina, com uma impiedosa goleada de 4 a 1 e um domínio absoluto do primeiro ao último minuto de jogo.
Dorival pagou o preço por ter insistido em uma frágil ideia de jogo
Parte considerável desta goleada lamentável sofrida pelo Brasil ocorreu por conta da falta de leitura tática do técnico Dorival Júnior. Ao apostar em dois volantes no meio-campo e entrar no 4-2-4 contra a Argentina fora de casa, a Seleção Brasileira assumiu o risco de ceder espaço para quatro meias argentinos que possuem extrema qualidade no controle das ações da posse de bola.
Justamente por conta disso, Raphinha e Matheus Cunha foram absolutamente dominados por Enzo Fernández, Paredes, De Paul e Mac Allister, quarteto responsável por criar diversos espaços para Thiago Almada, ex-Botafogo e atual jogador do Lyon, ter absoluta liberdade em campo. O erro de leitura de jogo da comissão técnica ficou notável desde o apito inicial.
Com apenas quatro minutos de bola rolando, a Argentina já havia transformado sua superioridade em gol, com Julian Alvárez abrindo o placar em meio ao desarme sofrido por Murillo. Logo em seguida, o gol de Enzo Fernández evidenciou como Raphinha estava muito desatento em campo, sem conseguir recompor durante as transições defensivas.
Matheus Cunha tentou diminuir o estrago aos 26 minutos ao roubar a bola de Cuti Romero e marcar na única chance real de gol da Seleção Brasileira no Monumental de Núñez. Contudo, a excelente atitude individual não se converteu em confiança para os demais jogadores, e a Argentina aproveitou para marcar o terceiro com Mac Allister, após passar por três marcadores e aproveitar a falha de posicionamento do goleiro Bento. Além de tática, também faltava atitude para o Brasil.
Brasil virou alvo de deboche na Argentina após não esboçar reação
Apesar da situação de descontrole desde o início, Dorival Júnior esperou pelo intervalo para fazer alterações, optando pelas entradas de Léo Ortiz, João Gomes e Endrick nos lugares de Murillo, Joelinton e Rodrygo. No entanto, essas mudanças tinham como objetivo aumentar a presença do Brasil no campo ofensivo sem corrigir a fragilidade no meio-campo.
Com isso, os comandados de Lionel Scaloni logo voltaram a assumir o controle das ações até encontrarem um belo gol que fechou o placar: Tagliafico cruzou nas costas de Mac Allister, mas a bola passou por todo o sistema defensivo do Brasil até chegar em Giuliano Simeone, que superou a frágil marcação de Guilherme Arana e chutou cruzado no ângulo direito em seu primeiro toque na bola.
Os minutos restantes ficaram marcados pela apatia da Seleção Brasileira diante de uma intensidade impressionante da Argentina em tentar fazer o resultado ficar cada vez maior. Com embaixadinhas do goleiro Dibu Martínez, minuto de silêncio da torcida argentina e muitos gritos de “Olé”, a Argentina construiu uma de suas maiores vitórias da história sobre o Brasil no futebol.
Estatísticas de Argentina 4x1 Brasil
Argentina | Brasil | |
---|---|---|
Posse de bola | 56% | 44% |
Finalizações | 12 | 3 |
Chutes no alvo | 7 | 1 |
Escanteios | 6 | 0 |
Faltas | 12 | 19 |
Passes (certos) | 527 (475) | 425 (373) |
Lançamentos | 29/42 (69%) | 12/14 (50%) |
Cruzamentos | 4/12 (33%) | 0/4 (0%) |
Desarmes ganhos | 92% | 58% |
Recuperações de posse | 48 | 41 |
Defesas difíceis | 0 | 3 |
Fonte: Sofascore
A goleada contra a Argentina foi construída por diversas mãos
O placar elástico de 4x1 ficou muito barato diante das camadas extensas que a goleada nos oferece como reflexão. A AFA (Associação de Futebol da Argentina) não é um exemplo de gestão, com a organização de um Campeonato Argentino frágil e pouco competitivo, mudanças nas regras em todos os anos e falta de comando para assuntos importantes, como a presença de torcida visitante nos jogos. Mesmo assim, a independência que Lionel Scaloni possui para comandar sua seleção é totalmente inversa à situação de Dorival Júnior na CBF.
A insistência em suas convicções levou o trabalho de Dorival à situação praticamente irreversível de sua permanência no comando técnico, mas informações reveladas pelo jornalista Pedro Ivo Almeida confirmam as impressões do 90min desde a sua última visita à CBF: não existe nenhum respaldo da direção com o departamento de seleções, sendo estas duas partes que funcionam separadamente na sede da entidade no Rio de Janeiro.
Em meio à Data FIFA mais importante do ano, Ednaldo Rodrigues esteve trabalhando firme nos bastidores para garantir sua reeleição e perpetuação no comando da CBF até pelo menos 2030, com a alteração no estatuto permitindo extensão do mandato até 2034. Apesar do calendário nefasto (com nenhum horário definido no Brasileirão após a primeira rodada), do menor investimento do futebol feminino e de resultados vexatórios em diversas seleções, o atual mandatário foi reeleito com 100% dos votos de federações e clubes da Série A e Série B.
Diante deste caos, o Brasil jogou fora a oportunidade de ter uma mudança concreta em sua instituição mais importante no futebol quando as federações estaduais ignoraram a possibilidade de Ronaldo disputar a presidência. O único vencedor nesta Data FIFA no Brasil foi Romário, que mais uma vez deixou de lado o seu trabalho no Senado Federal para encaixar uma narrativa e ganhar milhões de visualizações em seu canal do YouTube. Com este sistema frágil, nem Carlo Ancelotti conseguirá resolver os problemas da Seleção Brasileira.
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