Opinião: erros de arbitragem no Brasileirão tendem a piorar após reeleição de Ednaldo na CBF
- Brasileirão teve rodada polêmica com diversos erros de arbitragem
- Ednaldo Rodrigues diminuiu investimentos na arbitragem

Precisou de somente duas rodadas para termos o início das reclamações contundentes de vários torcedores e presidentes de clubes no Brasileirão devido ao péssimo nível da arbitragem nacional. Diversos lances controversos marcaram o fim de semana de futebol, com discussões motivadas por tomadas de decisões em pelo menos metade das partidas da 2ª rodada.
Desde erros capitais como o segundo pênalti marcado a favor do Palmeiras sobre o Sport, ou a expulsão exagerada de Jonathan Jesus do Cruzeiro sobre o Inter, alguns momentos de enorme constrangimento também marcaram a rodada. Como, por exemplo, quando o árbitro Alex Gomes Stefano precisou recorrer ao monitor do VAR para cancelar uma absurda marcação de pênalti em Santos x Bahia, ou quando tivemos a necessidade da intervenção do árbitro de vídeo para anular um gol do São Paulo diante do Atlético-MG marcado com nove jogadores em impedimento.
Melhorar o futebol brasileiro não é prioridade de Ednaldo Rodrigues
Apesar de toda a revolta, soa muita hipocrisia que clubes estejam demonstrando incômodo após todos os dirigentes dos 20 clubes da Série A e da Série B terem aclamado Ednaldo Rodrigues como presidente da CBF até pelo menos 2030. Mesmo que fosse candidato único, todos perderam a oportunidade de fazer um protesto, ou ao menos questionar o processo eleitoral muito controverso movido antes do vexame do Brasil diante da Argentina.
Uma reportagem de alto valor jornalístico divulgada pela Revista Piauí confirmou que Ednaldo tem como prioridade absoluta a manutenção no poder acima de tudo, se igualando aos outros ex-membros da CBF que terminaram suas gestões sem acrescentar nada ao futebol brasileiro. O atual presidente utilizou de práticas administrativas antiéticas, incluindo estratégias para assegurar a reeleição com aumento de salários para os presidentes de todas as 27 federações estaduais na véspera da eleição, com valor passando de R$ 50 mil para R$ 215 mil, além do chamado 16º salário.
Segundo a reportagem da Revista Piauí, Ednaldo também gastou milhões de reais com artistas, membros do Judiciário e parlamentares desde o início de sua gestão, marcada também por relatos de assédio moral e sexual na sede da CBF, no Rio de Janeiro.
Atual gestão da CBF reduziu investimentos na arbitragem
Enquanto a atual gestão da CBF gastou mais de R$ 24 milhões com advogados e acordos feitos por fora envolvendo um caso analisado por um parceiro comercial, tivemos redução nos investimentos na arbitragem. Os treinamentos presenciais foram suspensos e substituídos por videoconferência sob alegações de motivos orçamentários. Além disso, alguns projetos criados por Wilson Seneme, como a modernização da estrutura e a criação de um centro exclusivo de treinos, foram todos arquivados.
Wilson Seneme deixou o comando da comissão de arbitragem sob fortes críticas, mas acabou tendo sua atuação diminuída por um presidente que abusa de custos adicionais controversos. Como, por exemplo, o financiamento de despesas pessoais de sua família durante a Copa do Mundo do Catar. Sem contar, ainda, os altos valores pagos no custeio de viagens e ingressos para parlamentares, com destaque para os R$ 364 mil pagos ao deputado José Alves Rocha.
Clubes perderam a oportundiade de protestar no momento devido
Os clubes e seus dirigentes possuem algo muito em comum: reclamar somente quando considera que seu time foi prejudicado. Diante deste cenário, tivemos reclamações formais (sob nota oficial ou pronunciamento de CEO/presidente) de Cruzeiro e Sport no último fim de semana. Em que pese a falta de critério da arbitragem e a péssima qualidade dos profissionais envolvidos, não podemos esquecer que Ednaldo Rodrigues foi o único presidente eleito na CBF com 100% dos votos.
Enquanto a CBF reduz investimentos na arbitragem e causa revolta com orientações toscas como “pisar na bola gerará punição” (causando irritação em Memphis Depay, do Corinthians), Ednaldo seguirá perpetuado no poder. Até porque, quando foi afastado da presidência em 2023, o atual mandatário recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF), que sorteou o ministro Gilmar Mendes para analisar o mérito da questão. Coincidentemente, um juiz que possui ligação comercial com a CBF através do Instituto Brasileiro de Ensino, através do Desenvolvimento e Pesquisa (IDP). Ou seja, administradora dos cursos da CBF Academy desde agosto de 2023.
Desta forma, teremos reclamações diversas nas próximas rodadas e alegações de roubo, mas sem nenhuma perspectiva de mudança.