Opinião: Palmeiras precisa tomar atitude radical após atos racistas na Libertadores sub-20
- Luighi e Figueiredo sofreram atos racistas lamentáveis no Paraguai
- Palmeiras tem a oportunidade de tomar uma atitude histórica

Durante a noite de quinta-feira (6), mais um negro foi injustiçado publicamente ao sofrer ataques racistas de pessoas que cada vez mais se sentem à vontade para praticar tais atos lamentáveis e criminosos. Durante o jogo válido pela segunda rodada da Libertadores sub-20, Luighi e Figueiredo, do Palmeiras, presenciaram atos de racismo e intimidação por parte de torcedores paraguaios do Cerro Porteño, durante os minutos finais de partida.
O atacante Luighi não conseguiu esconder a dor e a tristeza após ter sido alvo de um fato tão lamentável e chorou copiosamente no banco de reservas. Após o apito final, a Conmebol convidou o atacante alviverde para a entrevista, mas o repórter da transmissão oficial ignorou completamente o tema do racismo, certamente orientado para tal, levando o jovem de 18 anos a um dos choros mais sinceros dos últimos anos no esporte.
Luighi, que foi vitima de racismo, em entrevista pós-jogo da Libertadores sub-20, questionando o jornalista se não haveria pergunta sobre o caso.
— ⚽ (@DoentesPFutebol) March 7, 2025
Tem que peitar essa galera mesmo!
Força, Luighi!!!pic.twitter.com/ADcX3ooTW0
"A CONMEBOL rejeita categoricamente todo ato de racismo ou discriminação de qualquer tipo. Medidas disciplinares apropriadas serão implementadas, e outras ações estão sendo avaliadas em consulta com especialistas da área."
- Nota oficial da Conmebol
Luta contra o racismo não é levada a sério na Conmebol
Em nota oficial, a Conmebol, assim como em diversos e incontáveis casos de racismo que ocorreram em seu território nos últimos dois anos, publicou mais um curto comunicado afirmando estar avaliando a situação juridicamente para tomar medidas. No entanto, chegamos a um momento em que definitivamente o futebol sul-americano precisa colocar o tema do racismo como prioridade em suas discussões para ser levado mais seriamente.
Notas oficiais e multas de valor irrelevantes não surtem efeito algum para que racistas tenham a liberdade de expressar seu preconceito nojento nos estádios de futebol pela América do Sul. Além disso, a baixa multa financeira e a perda de poucos mandos de campo (quando ocorre) também fazem os clubes não estarem motivados o suficiente para deixar se associarem com racistas.
Movimento de apoio precisa ir além das notas oficiais
Diversos clubes brasileiros (inclusive os rivais São Paulo, Corinthians e Santos) se movimentaram rapidamente nas redes sociais e prestaram homenagem para Luighi e Figueiredo, se juntando ao Palmeiras no sentimento de revolta. A CBF também se manifestou via nota oficial dizendo repudir os fatos ocorridos no Paraguai. A reação imediata dos clubes e da confederação foram necessárias, mas chegou a hora de dar um passo além.
Os clubes brasileiros precisam exigir firmemente da Conmebol punições reais e severas contra clubes que cometerem atos racistas (sem isentar o Brasil de tais condições), incluindo perdas de ponto, multas consideráveis e a possibilidade de exclusão da competição em situações reincidentes. No caso do Palmeiras, o clube tem a oportunidade de tomar uma decisão que seria histórica, a qual consistiria em abandonar a disputa do torneio sub-20, criando um novo paradoxo em competições sul-americanas na luta contra o racismo e a misoginia. Fiquemos na torcida para que um movimento neste sentido seja concretizado.
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