Opinião: renovação de Mano Menezes é mais um capítulo da fracassada "política da gratidão" no Fluminense
- Diretoria tricolor encaminhou a renovação contratual do treinador
- Permanência de Mano Menezes vai na contramão do desejo do torcedor do clube
- Apesar de ter salvo o clube do rebaixamento, Mano não deveria liderar projeto em 2025
Por Nathália Almeida
Quando chegou ao Fluminense, no dia 1º de julho de 2024, Mano Menezes se deparou com uma situação verdadeiramente calamitosa: o clube era o lanterninha do Brasileirão com apenas 6 pontos conquistados, o departamento médico tricolor estava abarrotado de jogadores lesionados e, dentre os que estavam saudáveis, tomava conta o abatimento e a desmobilização após um histórico 2023. Diante de todo esse contexto caótico, ter conseguido salvar o Tricolor Carioca do rebaixamento à Série B pode e deve render ao técnico gaúcho, o respeito e a gratidão das arquibancadas tricolores. Entretanto, essa gratidão não deveria ser a "mola propulsora" para quaisquer decisões da alta cúpula pensando em 2025.
Essa "política da gratidão", muito vívida nas Laranjeiras durante a gestão do atual presidente Mário Bittencourt, é uma das explicações para o 2024 nefasto vivido pelo clube carioca: jogadores que já não tinham condições físicas e técnicas de fazer parte do elenco do Fluminense neste ano tiveram seus contratos renovados pelas contribuições em 2023. A falta de coragem e firmeza para colocar ponto final em ciclos que o campo e bola já provava que estavam encerrados, quase custou muito caro à instituição Fluminense. E, ao que tudo indica, este mesmo erro será repetido com Mano Menezes.
As principais credenciais do currículo de Mano Menezes, em termos de títulos conquistados, já estão empoeiradas naquilo que a gente chama de "tempo do futebol". Nos últimos anos, o gaúcho empilhou jornadas medianas e/ou pobres em clubes importantes do Brasil, sempre com repertório tático limitado. Se fazia sentido contratar um treinador mais conservador em filosofia de jogo para "corrigir a rota" de um 2024 desgovernado, não podemos dizer o mesmo sobre iniciar a temporada 2025 sob essa mesma lógica: em um contexto de futebol brasileiro onde as grandes conquistas têm ficado concentradas em clubes que jogam um futebol corajoso, ofensivo e moderno, o Fluminense sinaliza que optará pelo pragmatismo e pela reatividade.
Uma escolha sem arrojo, sem ambição e sem criatividade de um clube que, infelizmente para seu torcedor, ainda pensa e planeja futebol com vícios comuns do século passado.
Feliz 2025, tricolores. Ou seria feliz 1995? Não sei mais...