5 destaques e 5 decepções da fase de grupos da Champions League 2020/21
Por Nathália Almeida
Na tarde/noite da última quarta-feira (9), assistimos à leva derradeira de compromissos válidos pela rodada final da fase de grupos da Champions League 2020/21, conhecendo, enfim, os 16 classificados ao mata-mata da principal competição do Velho Continente.
Alguns resultados definitivamente não nos surpreenderam, mas outros podem ser classificados como verdadeiras 'zebras', improváveis e impensáveis antes da bola rolar para a primeira rodada da competição. Afinal de contas, quem poderia imaginar que dois tricampeões europeus ficariam pelo caminho de forma tão precoce?
A seguir, listamos 5 destaques e 5 decepções da fase de grupos da Champions:
DESTAQUES
Febre alemã: 100% de aproveitamento
Erroneamente tratado como campeonato de um clube só, a Bundesliga emplacou seus quatro representantes nas oitavas de final da Champions: Bayern de Munique, Borussia Dortmund, RB Leipzig e Borussia Mönchengladbach.
Os dois primeiros, de fato, eram os grandes favoritos em suas respectivas chaves. Os dois últimos, no entanto, fizeram história ao deixar potências pelo caminho para conquistar vaga ao mata-mata.
Atalanta
A Atalanta parece ter gostado bastante dessa coisa de fazer história: após chocar o mundo ao chegar às quartas de final em sua primeira participação em Champions (2019), o clube de Bergamo voltou a se superar na atual edição, deixando o tradicionalíssimo Ajax pelo caminho. A classificação veio em um enredo épico, com vitória italiana na última rodada, em plena Amsterdã.
Frank Lampard
O Chelsea de 2019/20 teve como marca o desequilíbrio entre setores: defesa sempre muito exposta e alto números de gols sofridos, vide a eliminação nas oitavas para o Bayern com agregado de 7 a 1 para os alemães. Na atual temporada, o clube londrino 'mudou da água para o vinho', terminando a fase de grupos como segunda melhor defesa da competição com apenas dois gols sofridos em seis jogos. Méritos para o grupo e para o elenco, é claro, mas principalmente para o treinador do time que soube fazer os ajustes e adaptações necessários para o sistema tornar-se efetivo.
Álvaro Morata
O atacante espanhol parece 'incorporar Alessandro Del Piero' quando veste a camisa da Juventus. É um encaixe difícil de explicar, mas o fato é que Morata sobra quando está em Turim. É um dos artilheiros da atual edição da Champions com seis gols anotados e, se a Velha Senhora conseguiu sua classificação como primeira colocada de chave, muito disse se deve a ele.
PSG e Basaksehir: uma reação emblemática
Fechamos a lista de destaques da fase de grupos da Champions com um episódio que nasce de algo grotesco - um ato de racismo por parte do quarto árbitro em direção à Pierre Webó -, mas que se transformou em um marco: a reação de jogadores do PSG e do Basaksehir ao sair de campo, se recusando a seguir a partida após um ato de violência racional em pleno ano de 2020. No dia seguinte, novo protesto dos atletas no círculo central, antes da retomada do duelo. Um grito coletivo pelo fim dos preconceitos no futebol e na sociedade como um todo.
DECEPÇÕES
Antonio Conte
Um técnico de 12 milhões de euros/temporada, que recebeu todos os reforços que pediu nas últimas janelas de transferências, e ainda assim não conseguiu levar sua equipe à classificação em uma chave onde era franca favorita ao lado do Real Madrid. Um vexame histórico para a Inter de Milão, que nunca havia terminado uma participação em Champions como lanterna de chave.
Olympique de Marseille
Único clube francês a já ter conquistado uma edição de Champions, o Marseille voltou a disputar o torneio após anos de hiato. Não era apontado como um dos favoritos em sua chave, mas ninguém esperava uma campanha tão constrangedora: três pontos em 18 possíveis (1V e 5D), com apenas dois gols anotados e 13 sofridos. Embaraçoso, não é mesmo, André Villas-Boas?
Ataque do Ajax: duas facetas
Sabemos que o Ajax de hoje não é mais aquele Ajax temido dos anos 70/80, mas as expectativas em torno da equipe de Amsterdã subiram muito a partir do feito arrojado de 2018/19, quando foi semifinalista da Champions eliminando Juventus e Real no caminho.
Na atual edição, no entanto, não vimos a 'melhor versão' do atual Ajax em nenhum momento: ao passo que encanta na Eredivisie empilhando goleadas - são 43 gols anotados em onze partidas -, seu desempenho ofensivo na Champions foi tímido demais (apenas sete gols), como se os jovens jogadores do clube holandês tivessem sentido o peso da competição europeia.
Manchester United
O que falar do clube inglês e de Ole Gunnar Solskjaer? Pareciam ter a classificação em mãos faltando duas rodadas para o fechamento da fase de grupos, mas conseguiram a 'proeza' de perder os dois jogos finais, dando adeus à Champions e tendo que se contentar com vaga na Europa League. Mais um fracasso retumbante na conta de uma equipe que há sete anos não consegue se reencontrar. O United será eternamente órfão de Sir. Alex Ferguson?
Zidane: mais sorte do que juízo?
Pode parecer exagero colocar um técnico tricampeão europeu na lista de decepções, ainda mais com sua equipe tendo se classificado às oitavas, mas a verdade é que o francês não vive um bom momento e sua equipe não convenceu em jogo algum da fase de grupos da atual edição.
A campanha que garantiu ao Madrid a primeira posição do grupo B não seria suficiente para classificá-lo nem como segundo colocado em outras cinco chaves (C, D, E, G, H), evidência de como o Real teve mais sorte do que juízo até aqui.