53 dias para a Copa: 1953, o ano em que o Brasil 'abandonou' o branco e instituiu a 'canarinho'

Conheça a história do gaúcho Aldyr Schlee e por que mesmo sem entrar em campo ele se transformou em um personagem marcante na Seleção Brasileira
Conheça a história do gaúcho Aldyr Schlee e por que mesmo sem entrar em campo ele se transformou em um personagem marcante na Seleção Brasileira / Arte: Eduardo Fricks
facebooktwitterreddit

Nenhuma camisa de seleção é tão conhecida no mundo do futebol como a 'amarela' do Brasil. E é essa história que nós iremos contar faltando 53 dias para a Copa do Mundo. Por que neste artigo? Pois foi justamente no ano de 1953 que a seleção brasileira passou a vestir o uniforme que enverga tradição.

Torcida da seleção brasileira
Camisa amarela conquistou a torcida brasileira / NELSON ALMEIDA/GettyImages

Naquele momento, o país ainda tentava engolir a tragédia do Mundial de 1950. Em parceria com a Confederação Brasileira de Desportos (CBD), o jornal carioca Correio da Manhã lançou um concurso para a escolha de um novo uniforme para a seleção nacional. Na visão de quem idealizou a disputa, a então vestimenta (branca e verde) não carregava consigo o nacionalismo brasileiro. Ao mesmo tempo, esta renovação era vista como uma possibilidade de dar um novo ânimo ao povo que, anos antes, ficou com o grito de campeão preso na garganta.

O regulamento do concurso colocou apenas uma obrigatoriedade: que o fardamento fosse desenhado com base nas quatro cores da bandeira do Brasil. Mais de 300 pessoas se candidataram, mas quis o destino que um 'brasiguaio' - meio brasileiro / meio uruguaio - fosse o grande finalista. Estamos falando de Aldyr Garcia Schlee. A história é contada no filme "Gaúchos Canarinhos", documentário de Rene Goya Filho exibido no Brasil em alguns festivais de cinema, e também no livro "Camisa Brasileira", lançado pelo próprio vencedor do concurso.

Nascido em Jaguarão, no Rio Grande do Sul, viveu parte da sua vida ali, na fronteira com o Uruguai. Se chorou com a derrota brasileira em 50, ao mesmo tempo sorriu com a conquista celeste. Passado isso, coube a ele a missão de pensar este novo símbolo e combinar o amarelo, o verde, o azul e o branco. Depois de mais de 100 desenhos, chegou à conclusão de que a camisa deveria ser toda em amarelo - com eventuais toques verdes -, deixando o azul e o branco para o calção.

Foi assim que surgiu a canarinho, na tonalidade ouro, combinada com o short em azul-cobalto. Coincidência ou não, cinco anos depois o Brasil viria a conquistar seu primeiro título mundial e, a partir de então, construir uma trajetória até hoje inigualável por qualquer outro rival.


Aldyr Garcia Schlee faleceu no dia 15 de novembro de 2018, aos 83 anos.