6 técnicos demitidos em apenas 7 rodadas de Brasileirão - O preço do imediatismo brasileiro

Flamengo v Athletico PR - Supercopa do Brasil
Flamengo v Athletico PR - Supercopa do Brasil / Alexandre Schneider/Getty Images
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A demissão de seis técnicos em apenas sete rodadas da Série A 2020 desmascara, mais uma vez, uma triste realidade do futebol brasileiro: o anseio incessante das equipes por resultados imediatos, ou seja, em um curtíssimo prazo. Esse fato, porém, não está relacionado apenas ao ato de demitir um treinador, mas sim a toda uma cadeia, que parte da escolha de um nome para o comando da equipe e passa também pela montagem do elenco.

O que acontece na realidade é a falta ou o abandono de um projeto por parte dos clubes. Quando uma equipe contrata o treinador no início da temporada, traça juntamente com ele um plano, um projeto de trabalho. Portanto, monta o elenco com base nesse projeto e busca contratar jogadores que tenham perfis que se adequem ao estilo desejado por aquele treinador específico. O problema acontece quando os resultos positivos não chegam imediatamente, o que faz muitos pensarem que aquele projeto está, certamente, fadado ao fracasso.

Botafogo v Sao Paulo - Brasileirao Series A 2019
Botafogo v Sao Paulo - Brasileirao Series A 2019 / Bruna Prado/Getty Images

Portanto, em situações como essas, muitos técnicos brasileiros acabam sendo demitidos. O que sucede essa demissão é, na maioria das vezes, o abandono do projeto traçado no início da temporada. O clube buscará contratar outro treinador. Este provavelmente terá à disposição um elenco que não foi montado com base no seu crivo e no seu estilo de jogo. A probabilidade de encaixe desse novo projeto é, certamente, bem menor que a do primeiro treinador.

É importante destacar que caso a diretoria perceba de fato alguma deficiência no trabalho do treinador, tem, até certo ponto, razão em demiti-lo e buscar outro nome que se encaixe ao menos minimamente no padrão do elenco. O verdadeiro problema é que a grande maioria dessas demissões ocorre única e exclusivamente pela falta de resultados imediatos.

Dessa forma, é notório que o imediatismo, tão comum no Brasil, apenas desacelera o processo de desenvolvimento do futebol brasileiro. Está na hora dos clubes pararem de pensar tanto a curto prazo.