72 dias para a Copa do Mundo: o primeiro ato da Alemanha Ocidental de Müller e Beckenbauer
Por Lucas Humberto
Há aqueles que classificam a Euro como "a Copa do Mundo sem Brasil e Argentina". Seria o torneio de seleções do Velho Continente um verdadeiro termômetro do que podemos esperar no Mundial? Em 2022, certamente não. A Itália, campeã europeia em 2021, sequer conseguiu a classificação para o Catar. E isso estando entre as favoritas...
Em 1972, por outro lado, o mundo vivia um cenário bem diferente. No âmbito geográfico, histórico, diplomático, político e, claro, esportivo. Para entender os meandros daquela edição da Euro, você precisa se desapegar do formato que conhece hoje. Digamos que, à época, a competição foi espaçada em dois anos.
Entre 1970 e 1971, as seleções envolvidas disputaram a fase de grupos. Em 1972, os playoffs - das quartas até a decisão. Na etapa das chaves, havia oito grupos, sendo que apenas o líder de cada um avançaria ao mata-mata. Bélgica (anfitriã), União Soviética, Alemanha Ocidental e Hungria sobreviveram ao primeiro dos testes eliminatórios.
Era, então, hora da semifinal. No dia 14 de junho de 1972, na Antuérpia, a Alemanha bateu os donos da casa, por 2 a 1. Gerd Müller, a lenda da Bundesliga, anotou duas vezes. Odilon Polleunis descontou. Na outra chave, a União Soviética superou a Hungria, por 1 a 0. A grande final estava, portanto, desenhada. E com requintes históricos...
Na decisão, em Bruxelas, alemães ocidentais de um lado, soviéticos do outro. A configuração de requintes diplomáticos teve Gerd Müller, autor de dois gols, novamente como personagem principal. Herbert Wimmer completou o expressivo placar de 3 a 0. No Estádio do Heysel, naquele memorável 18 de junho, o capitão Franz Beckenbauer ergueu o troféu.
A maior das glórias dos campeões europeus veio dois anos depois, em 1974. Em Munique, na final da Copa do Mundo, o embate de duas gerações que mudaram o rumo do futebol moderno teve Gerd Müller de novo entre os destaques. A mágica Holanda de Johan Cruyff caiu para a Alemanha Ocidental de Beckenbauer, que novamente levantou a taça.
Além das mais conhecidas estrelas, a equipe tinha entre os pilares nomes como Paul Breitner, Jürgen Grabowski, Günter Netzer, Sepp Maier, Uli Hoeness, e, claro, o técnico Helmut Schön. Quase 50 anos depois, muito mudou, mas a sede de vitória não. A Alemanha estreia na Copa do Mundo do Catar no dia 23 de novembro, contra o Japão. Restam 72 dias...