74 dias para a Copa do Mundo: a história da Laranja Mecânica, a Holanda que encantou, mas 'bateu na trave' em 1974

A Laranja Mecânica encantou o mundo, mas não conseguiu levar a Copa do Mundo de 1974
A Laranja Mecânica encantou o mundo, mas não conseguiu levar a Copa do Mundo de 1974 / Arte: Eduardo Fricks
facebooktwitterreddit

A Seleção da Holanda é uma das maiores e mais respeitadas do futebol e isso sem nunca ter conquistado uma Copa do Mundo. Finalista em três edições do Mundial (1974, 1978 e 2010), a lendária equipe dos Países Baixos faz parte da história do jogo e, sem dúvidas, já poderia ter erguido o troféu mais cobiçado do planeta bola. O destino, porém, não permitiu. E essa parece ser a única explicação.

Há quase 50 anos, em 1974, por exemplo, a Holanda montou uma equipe tão extraordinária e fora da sua época que ganhou nome com traço cinematográfico e se imortalizou mesmo sem alcançar o topo. Essa é a história da emblemática Laranja Mecânica, a vice-campeã da Copa do Mundo da Alemanha Ocidente, que, assim como o Brasil de 1982 e a Hungria de 1954, não ficou marcada por uma conquista, mas pelo seu futebol.

 Johan Cruijff, ex-jogador da Holanda
Johan Cruyff era o grande protagonista da Laranja Mecânica. / VI-Images/GettyImages

Em 1974, a Holanda do técnico Rinus Michels, de craques como Ruud Krol, Johan Neeskens e Arie Haan e do eterno gênio Johan Cruyff deu um verdadeiro espetáculo na Copa do Mundo. Em sua campanha, disputou sete jogos e colecionou cinco vitórias, um empate e apenas uma derrota – essa justamente na grande final. Os resultados, no entanto, falam relativamente pouco sobre aquela poderosa e encantadora equipe.

Com Cruyff e companhia, a Laranja Mecânica – apelido pomposo que ganhou em homenagem ao filme de nome homônimo (1971) do cineasta Stanley Kubrick, além da cor da sua camisa – reuniu lendas do esporte, revolucionou e deu aula sobre o “Futebol Total”, mostrando muita dinâmica, mobilidade e volume de jogo. Uma seleção que dava show por natureza e controlava os adversários em seu harmonioso “carrossel”.

A campanha (quase perfeita) da Holanda na Copa do Mundo de 1974

A Holanda integrou o Grupo 3 da Copa do Mundo de 1974 junto com Suécia, Bulgária e Uruguai. Na estreia, bateu a Celeste com grande facilidade e até poderia ter construído uma goleada, mas parou no 2 a 0. O pelotão neerlandês empatou com a Suécia (0 a 0) na segunda partida, mas goleou a Bulgária (4 a 1) na sequência e se classificou sem problemas.

Vale notar, de antemão, que não existia o mata-mata (oitavas de final, quartas e semifinais) como conhecemos hoje no Mundial. As seleções que passavam da fase de grupos se classificavam para uma Segunda Fase, na qual o vencedor de cada chave se classificava para a final, enquanto os vices brigam pelo terceiro lugar.

Já nesta Segunda Fase, a Laranja Mecânica caiu no grupo com Brasil, Alemanha Oriental e Argentina. A equipe de Cruyff venceu os três jogos, com direito a goleada na Albiceleste (4 a 0) e triunfos seguros contra a amarelinha (2 a 0) e a Alemanha (2 a 0). Com esses resultados, além das atuações de altíssimo nível, se classificou para a final, onde mediu forças com a Alemanha Ocidental.

Finalista e em alta, a encantadora Holanda parecia pronta para ganhar a sua primeira Copa. Isso, no entanto, não aconteceu. Eles até saíram na frente, mas perderam o título para o gelado esquadrão da casa: derrota por 2 a 1, no Estádio Olímpico, em Munique, no dia 7 de julho de 1974. Johan Neeskens marcou aos 2 minutos, mas Paul Breitner e Gerd Müller viraram ainda no primeiro tempo.