86 dias para a Copa do Mundo: a consagração de Maradona no México, em 1986
Por Matheus Nunes
Faltam 86 dias para a Copa do Mundo no Catar. Este número, além de representar que o Mundial está cada vez mais próximo, também permanece guardado na mente de todos os argentinos. Foi em 1986 que a Albiceleste conquistou sua última Copa, realizada no México, com Diego Armando Maradona chamando a responsabilidade e tendo uma das maiores atuações individuais de um jogador na história do torneio.
Além do bicampeonato dos hermanos, o Mundial de 86 também ficou marcado por episódios emblemáticos. Para alguns, geniais. Para outros, absurdos. Mesmo se você ainda não era nascido, com certeza sabe do que se trata a "Mano de Dios" e o "Gol do Século".
La Mano de Dios e o "Gol do Século"
Foi há 36 anos que Maradona marcou os dois gols mais importantes e marcantes de sua carreira, em uma única só partida, pelas quartas de final da Copa de 1986, contra a Inglaterra, em um dos jogos mais tensos da história do torneio, devido à, na época, recente guerra das Malvinas. O primeiro, aos cinco minutos do segundo tempo, contando com a distração da arbitragem. O jogador aproveitou bola espirrada pela zaga e, com seus 1,65m de altura e a mão esquerda artilheira, mandou a bola para o fundo das redes, abrindo o placar para a Albiceleste. Mais de três décadas depois, no ano de 2021, o feito se tornou filme, intitulado "A Mão de Deus".
"Marquei um pouco com a cabeça e um pouco com a mão de Deus"
- Maradona, após o término da partida
O segundo gol foi uma verdadeira obra de arte. O camisa 10 recebeu a bola no meio de campo, driblou toda a defesa inglesa, tirou do goleiro e finalizou. O público presente no Estádio Azteca foi à loucura ao ver o gênio da perna canhota deixar seis jogadores para trás com uma facilidade que somente ele tinha. Em 2002, em votação na FIFA, o gol foi eleito o mais bonito da história das Copas. A Argentina avançou para as semifinais ao vencer por 2 a 1 e mostrou que era a favorita ao título. O dia 22 de junho de 1986 jamais será esquecido.
A grande decisão
"El Pibe de Oro", como era conhecida a estrela argentina, voltou a brilhar na fase seguinte, diante da Bélgica. Foram dois gols marcados por Dieguito, que deu a vitória aos Hermanos e colocou a seleção na final, oito anos depois do título de 1978. Mas o desafio na decisão era grande: derrotar a toda poderosa Alemanha, com Lothar Matthäus e companhia. Mas a Argentina tinha Maradona.
Os alemães haviam derrotado a França de Michel Platini, e chegaram à final com moral. Para parar o craque da camisa 10, o técnico Franz Beckenbauer apostou na marcação individual de Matthäus. A estratégia evitou que Maradona marcasse no confronto decisivo, mas não impediu que o gênio da bola tirasse um coelho da cartola. Ele aproveitou descuido da defesa quando a partida estava na reta final, empatada em 2 a 2, e deu um passe magistral para Burruchaga fazer o terceiro dos argentinos e dar números finais ao duelo.
FICHA TÉCNICA: ARGENTINA 3 x 2 ALEMANHA - OITAVAS DE FINAL DA COPA DE 1990
Argentina: Nery Pumpido; José Cuciuffo, Oscar Ruggeri, José Luis Brown, Julio Olarticoechea; Jorge Batista, Ricardo Giusti, Héctor Enrique, Jorge Burruchaga (Marcelo Trobbiani), Diego Maradona; Jorge Valdano. Técnico: Carlos Bilardo.
Alemanha: Harald Schumacher; Thomas Berthold, Karl-Heinz Förster, Ditmar Jakobs, Hans-Peter Briegel, Andreas Brehme; Norbert Eder, Lothar Matthäus, Felix Magath (Dieter Hoeness); Karl-Heinz Rummenigge e Klaus Allofs (Rudi Völler). Técnico: Franz Beckenbauer.
Maradona terminou aquela Copa com cinco gols marcados e cinco assistências, foi eleito melhor jogador da competição e escreveu seu nome para sempre na história dos mundiais. Diego fez toda a sua gente festejar, todo o seu povo, todo o seu país. Na história do futebol, poucas vezes se viu uma consagração com aquela magnitude, atingida por Diego Armando Maradona no Mundial do México, alcançando a glória máxima no auge dos seus 25 anos.