A temporada do Corinthians e as histórias que devem ser respeitadas, mas não repetidas
Por Lucas Humberto
Quando paramos para pensar na função de um centroavante a resposta parece muito óbvia: fazer gol. Normalmente, o detentor do status de definidor se posiciona próximo da área adversária e recebe as principais bolas. Em 2017, esse era o papel de Jô no Corinthians.
Vivendo grande forma física e embalado pela boa sequência na época, o camisa 77 finalizou a temporada com a marca de 18 bolas na rede. O problema ou grande benção da humanidade, dependendo da perspectiva, é que o tempo passa. Hoje, faltando apenas mais uma rodada para finalizar o Brasileirão 2020, os números de Jô apontam seis gols em 29 partidas.
Quando a diretoria buscou o centroavante para reforçar o plantel, não estava procurando a melhor opção no mercado, mas sim na história recente do clube. Quem imaginaria que tanta coisa havia mudado em quatro anos...
Jô, tão acostumado a aguardar para definir as construções belíssimas dos meios e laterais, não soube o que fazer diante de tantos problemas no time. E, no final das contas, perdeu seu posto para o jovem Léo Natel, que também pouco mostrou durante o ano.
Encontramos, então, o grande culpado dos problemas do Corinthians? De forma alguma. Jô, mais do que grande parte do elenco, entende o peso da camisa e sabe a amargura da derrota. Contudo, é preciso reconhecer que a insistência com o centroavante não teve fundamento. Falta de opção? Boselli, por muito menos, deixou o clube após perder a briga pela titularidade sem nem ter sido considerado para tal disputa.
A tentativa do Corinthians de reviver a história, por outro lado, mais precisamente no esquerdo, funcionou com Fábio Santos. Com poucas atuações abaixo durante a temporada, o lateral fez o possível dentro do que o próprio time permitia.
Nesse sentido, conhecer a linha tênue entre tentar repetir a história e tomar uma decisão consciente é função da diretoria. Quando a Fiel retornar aos estádios e entoar com todo frenesi que "aqui tem um bando de loucos", espera-se que o delírio fique com a torcida, e não com a direção. Afinal de contas, o Brasileirão está cada vez mais mordaz e, como dito no célebre O Poderoso Chefão: "Amigos e negócios: água e azeite."