Absoluto, casa da melhor do mundo e DNA conhecido: Barcelona Feminino, o time a ser batido na Champions

FC Barcelona v Real Madrid - Primera Division Femenina
FC Barcelona v Real Madrid - Primera Division Femenina / Quality Sport Images/GettyImages
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Estendam o tapete vermelho: as rainhas da Europa pedem passagem! Atual campeão da Champions League Feminina, do Campeonato Espanhol - pela sétima vez - e semifinalista da Copa da Rainha, o Barcelona, soberano, entra em campo na próxima terça-feira (22), contra o Real Madrid, pelas quartas de final do torneio, no primeiro encontro continental no futebol feminino de uma das maiores rivalidades do planeta.

Se por um lado a temporada de 2021 fez o céu do Camp Nou perder um pouco do brilho com a despedida da maior estrela da história do clube, por outro viu explodir uma supernova no universo dos campeões. Protagonista no cenário europeu, o Barça vem colhendo os frutos de um projeto vencedor, construído com trabalho sério, de insistência e, claro, com o DNA blaugrana: valorização da base aliada à experiência de atletas veteranas que equilibram técnica e liderança.

Para se ter uma ideia, 14 das 29 jogadoras da equipe principal são crias de La Masia, a base do Barça. Para efeito de comparação, no plantel masculino, 11 dos 25 atletas vieram das categorias inferiores.

Alexia Putellas, bola de ouro
Alexia Putellas, vencedora da Bola de Ouro, da revista France Football / Aurelien Meunier/GettyImages

No quesito liderança, o destaque fica por conta de Alexia Putellas: a melhor jogadora do mundo, eleita pela France Football e também pela Fifa, para não restarem dúvidas, é dona da braçadeira de capitã e também do meio de campo azul e grená. Estrela do time, Putellas foi contratada em 2012 junto ao Levante e é referência da nova geração - tudo isso, é claro, “com a classe de quem sabe a arte de jogar bem futebol”, como bem pontua Samuel Rosa, do Skank. 

Vale destacar ainda o poder de finalização de Lieke Martens, a potência de Oshoala e a experiência da lateral-esquerda Melanie Serrano, entre outras, neste time vencedor. É com essa fórmula que o time do técnico Jonatan Giráldez chega como favorito no El Clásico das quartas de final. O treinador assumiu o cargo em julho do ano passado, após a saída de Lluís Cortés, de quem era assistente na comissão técnica e com quem compartilhou êxitos pelos últimos dois anos e meio.

Sob o comando de Cortés, o Barça finalmente conquistou a taça da Champions no ano passado, ao vencer o Chelsea por 4 a 0, depois de bater na trave em 2019 (foi o vice-campeão, após derrota por 4 a 1 para o Lyon-FRA) e de uma eliminação na semifinal em 2020, para o Wolfsburg. Em 2021, a título veio em uma campanha de cinco vitórias, um empate e uma derrota em sete jogos. Além do troféu inédito, o Barcelona também desbancou a hegemonia do Lyon, interrompendo uma sequência de cinco temporadas vencedoras consecutivas.

Mas nem sempre foi assim.

Água mole em pedra dura... Desde sempre, uma história de persistência

Fundado oficialmente em 2001, as origens do Barcelona feminino datam de 1970. Naquele ano, um grupo de 17 mulheres com apreço pelo esporte, vontade de jogar e um tanto de ousadia, capitaneadas por Inma Cabecerán, uma entusiasta garota de 18 anos e namorada do então jogador do time masculino, Pablo García Castany, formou o ‘Club Femení Barcelona’ para disputar uma partida beneficente no Natal. Sob o olhar de 60 mil torcedores, de uniforme branco e em pleno Camp Nou, elas desafiaram - e quebraram - o status quo de que “futebol não é esporte de mulher”. A partir dali, esse mesmo time passaria a jogar outros jogo e campeonatos amadores.

Apesar de não terem podido vestir as tradicionais cores azul e grená do Barça, aquelas pioneiras apresentavam à Espanha o embrião do futebol feminino. Na década seguinte, a equipe passou a utilizar a camisa blaugrana, as instalações e o escudo do Barcelona. Em 1985, venceu seu primeiro torneio regional e, nos anos 1988-89, fez parte do grupo que fundou a primeira Liga Nacional de futebol feminino.

Acompanhando os sucessivos processos de reestruturação do futebol feminino na Espanha, foi em 2001 que o F.C. Barcelona incorporou de forma oficial a categoria. Os primeiros anos do novo milênio representaram também uma nova era para o time, que teve de disputar categorias inferiores e quase foi descontinuado, até finalmente chegar à elite e dar início a um período de ouro, a partir de 2010, que hoje vive seu apogeu.

A evolução do time se materializou em títulos de forma avassaladora: em 2011, foi campeão da tradicional Copa da Rainha. No ano seguinte, uma dobradinha histórica com o troféu consecutivo da Copa da Rainha e o primeiro título nacional. Em 2015, em uma movimentação histórica, o Barcelona profissionalizou o futebol feminino e é, atualmente, referência na Europa.

O Barça é o maior campeão da Copa da Rainha, com oito troféus, e também reina absoluto na Liga nacional, com sete títulos (o segundo time com mais títulos é Athletic Bilbao, com cinco).

El Clásico decide vaga na semifinal

Os deuses do futebol reservaram o maior clássico do mundo para decidir uma vaga nas semifinais da Champions feminina. É verdade que o Real Madrid feminino disputa sua primeira Champions, mas, mesmo assim, El Clásico sempre será El Clásico.

O duelo, quente por natureza, tem um tempero extra: há exatamente uma semana, o Barcelona se sagrou heptacampeão espanhol - o terceiro consecutivo, aliás - com seis rodadas de antecedência, numa campanha perfeita: 24 vitórias em 24 jogos, com 136 gols marcados e a impressionante média de. 5,6 gols por partida. O jogo do título foi justamente contra o Real, num massacre catalão: 5 a 0. 

Se vem aí uma revanche merengue ou uma confirmação culé, não dá para cravar. Fato é que essa rivalidade, responsável por garantir momentos inesquecíveis e as mais variadas e intensas sensações aos fãs de futebol ao redor do mundo, ganha mais um capítulo emocionante - e a gente ganha ainda mais motivos para se apaixonar pelo futebol. 

O primeiro jogo é na casa do Real, no estádio Alfredo di Stéfano. O duelo de volta, no Camp Nou, já tem mais 70 mil ingressos vendidos - o estádio tem capacidade para 99.354 torcedores. O alerta de recorde histórico está ligado.

Resumo da campanha

Absoluto na fase de grupos da Liga dos Campeões, o Barcelona venceu todos os seis confrontos, contra Arsenal-ING, HB Koge-DIN e Hoffenheim-ALE, com folgas. Foram 24 gols marcados e apenas um gol sofrido. 

Barcelona 4 x 0 Arsenal (05/10)
HB Koge 0 x 2 Barcelona (14/10)
Barcelona 4 x 0 Hoffenheim (10/11)
Hoffenheim 0 x 5 Barcelona (17/11)
Arsenal 0 x 4 Barcelona (09/12)
Barcelona 5 x 0 HB Koge (15/12)

Artilheira: Alexia Putellas, com 5 gols marcados
Média de gols: 4 gols marcados/partida | 0,17 gol sofrido/partida


O primeiro El Clásico da história da Champions League Feminina acontece na terça (22), às 17h (de Brasília), no estádio Alfredo di Stéfano, em Madri. O jogo de volta, no Camp Nou, em Barcelona, acontece no dia 30 de março.