Agustina, a capitã que personifica o hino do Palmeiras
Por Nathália Almeida
Um dos trechos do hino do Palmeiras mais conhecidos e bradados pelo torcedor no estádio, a plenos pulmões, se inicia com a exaltação de um setor que pouco costuma ser valorizado no futebol mundial: a defesa. E ainda que os jogadores mais valorizados e idolatrados pelos fãs sejam os grandes artilheiros ou os gênios da camisa 10 - armadores cerebrais que pensam o jogo e o fazem fluir -, é impossível construir times vitoriosos sem uma grande zaga. Para alegria dos palestrinos e palestrinas, o Verdão Feminino pode se orgulhar de contar com uma das melhores defensoras em ação no futebol brasileiro hoje.
Personificação da "defesa que ninguém passa", Agustina Barroso Basualdo, ou simplesmente Agustina, foi anunciada pelo Palmeiras em janeiro de 2020 e hoje, em sua segunda temporada como atleta palestrina, já pode ser considerada um dos pilares do processo de reconstrução alviverde no futebol feminino. Sua primeira temporada no clube foi boa, mas 2021 tem sido especial: além da regularidade, tornou-se um símbolo de liderança no elenco, não à toa hoje veste a braçadeira de capitã da equipe de Ricardo Belli.
Conexão Argentina-Brasil e identificação com o Verdão
Cria do UAI Urquiza - clube de seu país natal, a Argentina -, Agustina não está vivendo sua primeira experiência em solo brasileiro: anos antes de chegar ao Palmeiras, a defensora vestiu as camisas de Ferroviária, Osasco Audax e Corinthians, inclusive tendo feito parte do elenco campeão da Copa Libertadores em 2017, derrotando o Colo-Colo nas penalidades.
Contudo, nenhuma dessas passagens pelo futebol brasileiro foi tão duradoura e marcante como a atual: vivendo sua melhor versão em termos de maturidade, experiência e nível técnico aos 28 anos de idade, Agustina se consolidou como uma referência do elenco alviverde, além de se confirmar, é claro, em uma das esperanças da Albiceleste em melhorar seus resultados em nível sul-americano. Ela, inclusive, participou da histórica campanha argentina na Copa do Mundo de 2019, que marcou o retorno de sua seleção ao principal torneio da modalidade após 12 anos de hiato.
Presente em 18 dos 20 jogos disputados pelo Palmeiras neste Brasileirão Feminino, a zagueira, em seu alto nível de exibições, ajuda a explicar o fato do Verdão ter adentrado o mata-mata com o status de melhor zaga do torneio. A despedida de Rafaelle - sua companheira no setor, que teve de retornar futebol chinês com a temporada em andamento -, poderia ter sido um baque grande ao Verdão, mas não foi. Agustina não permitiu que fosse.
Momento histórico
Aos olhos de quem entrou em contato com o futebol feminino ainda na primeira década dos anos 2000, o momento atual da modalidade e a chance real de erguer a taça mais desejada do calendário brasileiro são motivos de orgulho e motivação. Em entrevista concedida durante o inédito Media Day de aquecimento para a final do Brasileirão Feminino, Agustina admitiu que sonha em ver o seu esporte crescendo também em seu país de origem.
“Viver esse momento é um privilégio para nós, temos que estar felizes por isso estar acontecendo. O futebol feminino está crescendo e tem meninas que não conseguiram vivenciar o que estamos vivendo hoje. Isso que está acontecendo no Brasil, eu desejo levar para a Argentina. Não é só o futebol brasileiro que cresce, mas também o Sul-Americano. Então, desejo que essas situações se repitam”, afirmou.
A missão que aguarda a camisa 3 alviverde no próximo domingo (26) é das mais desafiadoras, afinal, em seu caminho está o atual campeão brasileiro, que saiu de campo vitorioso no jogo de ida em pleno Allianz Parque. Mas uma coisa é certa: luta não vai faltar. Essa é marca deste time, retrato fiel de sua capitã.