Além do risco sanitário, público só no Maracanã 'põe em xeque' isonomia da CBF e do Brasileirão

Na noite da última sexta-feira (18), uma notícia importante mexeu com os bastidores do futebol brasileiro: a autorização da Prefeitura do Rio de Janeiro ao retorno do público a partir do mês de outubro. A decisão, avalizada por órgãos públicos e autoridades locais - incluindo a Federação do Rio -, atende uma demanda específica de determinados cartolas cariocas, que pressionavam pela liberação dos estádios para obtenção de receitas com bilheterias.

Como não poderia ser diferente, o projeto de retomada de público na cidade foi recebido, no geral, com enorme rechaço junto à opinião pública. O primeiro motivo para isso, obviamente, é de ordem sanitária: o Rio de Janeiro já começa a testemunhar aumento na média móvel de casos após semanas de desaceleração da contaminação, consequência evidente da reabertura escancarada promovida pela Prefeitura de Marcelo Crivella.

O segundo motivo é de caráter esportivo: o retorno de público exclusivo ao Maracanã geraria, sim, um desequilíbrio na competição. Neste cenário, apenas quatro dos 20 clubes que disputam a Série A seriam abraçados por essa condição favorável, a de ter o seu torcedor nas arquibancadas, o que se configura como uma vantagem indevida que põe em xeque a isonomia do Campeonato.

Em todas as grandes competições do mundo que fecharam seus estádios em virtude da pandemia de coronavírus, houve aumento na proporção de vitórias de visitantes, uma evidência de como o 'fator torcida' influencia no resultado final de uma partida. Liberar a presença de público apenas para um clube/grupo específico é, portanto, favorecer uma minoria em detrimento do universo maior, o que definitivamente não queremos para o principal produto do nosso futebol.