Alex lembra “loucura” de torcedores na Turquia e admite decepção por não ter disputado uma Copa: “Senti muito”

Em carta ao The Players’ Tribune, atual técnico do time sub-20 do São Paulo revela conselhos à garotada e fala sobre alegrias e desilusões do futebol
Em carta ao The Players’ Tribune, atual técnico do time sub-20 do São Paulo revela conselhos à garotada e fala sobre alegrias e desilusões do futebol / ANTONIO SCORZA/GettyImages
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Não é novidade que Alex sempre teve uma relação especial com a Turquia, fundamentalmente pelos oito anos em que defendeu as cores do Fenerbahçe. Porém, o ex-camisa 10 agora revela histórias inusitadas sobre sua passagem pelo futebol turco, em carta publicada pelo The Players’ Tribune.

Uma delas lembra o dia em que um hooligan do Galatasaray, maior rival do Fener, foi até sua casa em visita surpresa. Ao contrário de ameaçar ou intimidar, o torcedor passou para expressar sua admiração pelo craque, que, àquela altura, estava de malas prontas para retornar ao Brasil.

“‘Olha, Alex, você nos fez sofrer bastante… Mas te admiro e te respeito.’, ele disse. O cara me deu um abraço, agradeceu e foi embora. Que loucura!”, conta o ex-meia.

Em outra demonstração de afeto, um soldado do exército turco que tinha perdido os dois pés pediu os moldes dos pés de Alex para servir como base de sua nova prótese. “E não é que, entre 80 milhões de habitantes do país, ele disse que queria os meus pés?! Até hoje ele brinca que é de Souza também”, diz.

Ao longo da carta, Alex ainda relembra seu começo no Coritiba, a passagem pelo Palmeiras e a decepção por não ter tido a chance de jogar uma Copa.

“A gente é ser humano… E o ser humano sente. Uns de um jeito, outros de outro jeito. Uns mais, outros menos. E eu senti muito por não ter tido a chance de disputar uma Copa do Mundo, especialmente a de 2002, quando já era campeão da Libertadores pelo Palmeiras e participei de todo caminho nas Eliminatórias com a seleção”, revela.

Para o craque, a passagem vitoriosa pelo Cruzeiro foi o divisor de águas para superar a frustração pela ausência no Mundial de 2002. “Depois de não ter sido convocado para a Copa, eu vivi uma fase mágica no Cruzeiro, joguei com raiva de tudo e de todos. Conquistei títulos, reencontrei a minha paz, até que dobrei a esquina de novo.”

Hoje treinador do time sub-20 do São Paulo, Alex afirma que tem usado sua experiência como jogador para dar conselhos aos jovens que comanda, especialmente sobre os “trancos e barrancos” do futebol.

 “Às vezes me aflige ter de mostrar pra eles que o futebol, esse nosso sonho doce e maravilhoso, de alegrias, realizações, conquistas e riqueza, pode trazer também alguns dissabores. ‘Tenha sempre memória e paciência.’ É o que eu aconselho para a molecada”, explica. “Memória para não esquecer todos os percalços que precisou superar pelo caminho. Paciência para não desanimar quando tiver de enfrentá-los.”


Leia a carta completa do Alex.