Aniversariante do dia, Pelé completa 80 anos, e ex-companheiros de campo contam histórias da vida do Rei

Pelé: o Rei do Futebol completa 80 anos de vida hoje (23 de setembro de 2020).
Pelé: o Rei do Futebol completa 80 anos de vida hoje (23 de setembro de 2020). / Friedemann Vogel/Getty Images
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Há exatos 80 anos, o mundo era presenteado com o nascimento de Edson Arantes do Nascimento, o eterno Pelé, o Rei do Futebol. Gênio, o inigualável camisa 10 marcou época e transformou o esporte, sendo assim, até hoje – mais de 40 anos depois de sua aposentadoria, o maior jogador de todos os tempos. E, claro, o Atleta do Século XX tem muita história, e para lembrar algumas delas o LANCE! foi atrás de quatro ex-companheiros do craque em sua época de Santos: Clodoaldo, Edu, Manoel Maria e Pepe. Confira abaixo.

Parabéns, Pelé! Viva o Rei!
Parabéns, Pelé! Viva o Rei! / Robert Cianflone/Getty Images

O CINEMA

A Copa do Mundo de 1958 foi um marco para a Seleção Brasileira e também para Pelé, que se tornou uma das grandes personalidades de todo o planeta. Popular, o gênio não tinha sossego e para ‘driblar’ essa popularizada e ter um pouco mais de paz, ele gostava, quando saia, de ir ao cinema. Porém, nem lá, o sossego era garantido...

“Comprei as entradas, entramos correndo no cinema, porque já tinha começado a sessão, sentamos quase no final. Só que ele (Pelé) deu tanto azar que do lado dele tinha uma cadeira vazia. E não é que senta um cara com um gravador, com as luzes já apagadas, o filme já comendo solto, e vem perguntando em espanhol se ele gostava do Chile, se o filme era bom e o que pensava de Santiago. O Pelé ficou “fulo”. Foi uma das poucas vezes que eu vi ele (Pelé) “fulo” da vida, falando que nem no cinema ele tinha sossego”, declarou Pepe.

“Nas excursões era difícil. Ele (Pelé) ficava praticamente trancado no hotel, porque não podia sair pra rua, fazer compras. Ele pedia pra gente as vezes comprar alguma coisa pra ele e ficava no hotel, porque se ele saísse vinha uma multidão em cima dele, e ele voltava correndo para dentro do hotel para se trancar no seu quatro. Muitas vezes ele ficava em quarto isolado, um quarto grande, sozinho, e isso não foi uma boa ideia porque ele sentia falta com quem bater papo”, completou.

A CAMISA 10

E a camisa 10? Além de ajudar o Santos dentro campo, Pelé também fazia um papel importante fora das quatro linhas, monitorando possíveis reforços para o Peixe. Porém, tudo ‘dentro de um limite’. Ele não gostava de dividir seu número sagrado, como destaca Edu, ídolo santista.   

“Ele (Pelé) me apresentou ao Santos FC. Eu moro em Jaú, ele em Bauru, e ele perguntou pra minha irmã se tinha mais alguém da família que jogava futebol, porque as nossas famílias eram amigas. E a minha irmã disser que tinha um garoto que era ponta-esquerda. Ele pediu para que o meu pai me levasse ao Santos para um período de testes, foi quando eu vim para o clube”, disse.

“Em 68, ele (Pelé) estava machucado e eu joguei com a camisa 10. Fizemos dois jogos, contra o Juventus e o São Bento. E nesses dois jogos eu marquei cinco gols, fiz três contra o Juventus, na Vila, ganhamos de 3 a 0, e ganhamos do São Bento, em Sorocaba, por 2 a 0, dois gols do Edu também. E aí chego pra treinar, ele já tá se preparando pra entrar em campo pra treinar também, e eu falei pra ele que era legal vê-lo recuperado. Ele me respondeu dizendo que estava preocupado com um carinha que estava querendo o complicar, usando a 10 sem querer largar”, acrescentou o ex-craque.

EXPULSARAM O ÁRBITRO?

Ex-companheiro de Pelé no Santos e no New York Cosmos, Manoel Maria lembrou de fato ao menos curioso relacionado ao Rei e uma "suposta" expulsão. Segundo relatou o ex-atleta, um árbitro expulsou o Atleta do Século em um amistoso do Peixe contra a Seleção Sub-23 da Colômbia, em Bogotá, em 1968, mas a torcida não levou numa boa e...

“Um dia nós estávamos jogando na Colômbia, deu uma confusão e o árbitro expulsou o Pelé, e a torcida foi lá pra ver ele jogar. Então se rebelou, se revoltaram e a torcida fez com que o juiz mudasse. Então literalmente expulsou o árbitro pro Pelé voltar”, lembrou.

DA HONRA DE TER JOGADO COM O REI

Após lembrar das histórias, os ex-companheiros de Pelé ainda expressaram a felicidade e a honra que foi atuar ao lado do maior jogador de todos os tempos:

"Foram oito anos jogando ao lado do maior jogador de todos os tempos. Isso me enche de muito orgulho. Me sinto um privilegiado de ter participado desde o início da minha carreira ao lado do Rei Pelé", disse Clodoado.

"Jogar ao lado dele pra mim foi uma honra, um sonho. Imagine você jogar ao lado do melhor do mundo. E foram mais de 10 anos juntos. A gente se entendia muito bem em campo e fora de campo ele era um paizão", afirmou Edu.

"Eu sempre fui fã dele e de repente me vi jogando com ele. E ser amigo dele é uma das coisas maravilhosas que tenho na vida. Eu costumo falar que é o título mais importante da vida, ser amigo del, conviver com ele", pontuou Manoel Maria.

"Temos uma amizade maravilhosa até hoje, sempre quando a gente se vê eu o chamo de “Rei da Bola” e ele me chama de “Pepito”, pouca pena, não sei por que, por causa da calvície (risos). Sempre quando a gente se vê é um motivo de tomar um refrigerante e bater um papo alegre", destacou Pepe.

Parabéns, Pelé!