Apegado ao passado, Tite decidiu qual grupo irá disputar a Copa do Mundo muito antes da hora
Por Lucas Humberto
A primeira convocação de Tite teve suas doses de surpresas. A ausência de Renan Lodi, que não completou o ciclo vacinal, talvez tenha sido a melhor delas. Contudo, dentro das quatro linhas, o técnico da seleção brasileira dá muito mais indícios de que já definiu seu grupo para a Copa do Mundo do que talvez fosse necessário, afinal, é a primeira lista do ano.
A presença de Philippe Coutinho é a maior das provas. Emprestado do Barcelona ao Aston Villa, o meia-atacante teve um 2021 completamente esquecível, sequer estreou em seu novo clube e, mesmo assim, segue ocupando uma vaga cativa no grupo como se ainda estivéssemos em 2018. Acontece que todas as outras seleções evoluíram.
Quer ter a sensação de déjà vu ampliada? Basta ver quais laterais foram chamados. Daniel Alves está de volta. Nesse caso, com muito esforço, dá para entender os critérios do treinador, afinal, nenhum jogador da posição conseguiu se consolidar. De qualquer forma, a perigosa sensação de estar preso ao passado segue por toda a lista.
Tite, na ânsia de se segurar aos seus homens de confiança, não viu o tempo passar. Ou não quis ver. E a outra prova está na Premier League, mais precisamente no Arsenal: Gabriel Martinelli. Destaque dos Gunners no mês de dezembro, o atacante arrancou elogios de Mikel Arteta com performance digna de convocação para quase qualquer seleção. Mas não para a brasileira.
Ainda nos gramados da Inglaterra, Lucas Moura faz uma das suas melhores temporadas no Tottenham em anos. Na Canarinho? Portas fechadas. Se o critério para aparecer na lista for se destacar nos clubes, a nova convocação de Tite faz pouquíssimo sentido. O negócio é se tornar uma peça de confiança do treinador. Sabe Deus como fazer isso sem sequer ser lembrado.