Após ter vaga na mão, Brasil cede empate para a Croácia na prorrogação e é eliminado da Copa nos pênaltis
Por Fabio Utz
O sonho do hexa foi abortado. E da forma mais triste possível. Nesta sexta-feira, na abertura da fase de quartas de final da Copa do Mundo, o Brasil teve em suas mãos a vaga para a próxima fase. Afinal, abriu o placar diante da Croácia já na prorrogação. No entanto, praticamente no apagar das luzes, não segurou. Viu o rival empatar em 1 a 1 e, nos pênaltis, ganhar por 4 a 2. Foi o último ato de Tite à frente da seleção brasileira. E foi o último ato da seleção brasileira no Catar. Nos cinco Mundiais pós-penta, o time verde-amarelo caiu pela quarta vez nesta etapa do torneio.
O primeiro tempo
A seleção brasileira não conseguiu se encontrar em campo durante toda a etapa inicial. Por vezes desatenta, em outros momentos lenta, ela simplesmente deixou de lado suas características. Obviamente, na outra metade do gramado tinha um adversário muito bem posicionado, sabedor da importância de explorar, por exemplo, o lado esquerdo da defesa verde-amarela.
Só que isso não justifica os erros de passe e, até mesmo, a inação de nomes como Vinicius Junior e Raphinha, que pouco (para não dizer quase nada) levaram vantagem sobre seus marcadores, facilitando a vida para os croatas. Neymar, quando tentou flutuar entre linhas, também não conseguiu dar continuidade às ações. Resultado de tudo isso: nenhuma chance criada e, por vezes, alguns sustos que pegaram a última linha de Tite mal posicionada. Sim, o Brasil não se achou.
O segundo tempo
Na etapa final, a seleção precisou de menos de dois minutos para construir mais do que havia feito em 45. E Richarlison, após receber cruzamento da direita, teve a chance de abrir o placar. Ele chegou a desviar a bola, mas o goleiro Livakovic defendeu. Com domínio territorial, o Brasil se colocou muito mais no campo de ataque, tanto é que logo na sequência, com passe de Richarlison, Neymar ficou cara a cara com o arqueiro rival, porém chutou em cima dele.
Na tentativa de conquistar espaço através de pontas renovados, Tite optou por tirar Raphinha e Vini Junior para as entradas de Antony e Rodrygo. E isso quando o cronômetro sequer havia chegado aos 20 minutos. Na primeira jogada com participação efetiva do inspirado atacante do Real Madrid, foi a vez de Lucas Paquetá se colocar frente a frente com Livakovic, e este, novamente, levou a melhor.
Sim, ficou nítida a melhora da equipe, mas faltava a bola na rede. O time praticamente tomou conta do campo ofensivo e, com muita agressividade, tentou uma derradeira imposição. Sempre perto da área, não deixou a Croácia respirar, mas também não tirou o zero do placar, nem mesmo quando Pedro virou opção na vaga do esforçado Richarlison.
A prorrogação
Com Antony quase que imarcável, a seleção brasileira começou a prorrogação com a mesma pegada, marcando em cima e inibindo qualquer ação croata. Só que foi Brozovic, um dos astros do rival, que teve em seus pés (e isolou) a primeira chance de abrir o placar depois de um bote duplo mal feito da defesa verde-amarela - o arremate foi errado.
Porém, a resposta veio em alto estilo. No último minuto do primeiro tempo da prorrogação, Neymar tabelou com Rodrygo e Paquetá, recebeu dentro da área, se livrou do defensor e do goleiro para estufar a rede. Sim, foi um golaço! O gol do alívio, o gol que, na contagem da Fifa, fez o camisa 10 se igualar a Pelé como o maior artilheiro do Brasil em todos os tempos - 77 tentos.
Não poderia ser mais especial, mas também não poderia ser mais tenso, afinal, ainda se tinha mais metade do tempo extra pela frente. Na cabeça de todos, seria apenas uma contagem regressiva, para celebrar a classificação. Seria, mas daí apareceu um contra-ataque croata, já aos 11 minutos do segundo tempo. Com troca de passes envolvente, Petkovic recebeu de frente para a meta e concluiu. Um desvio em Marquinhos foi fatal para impedir qualquer ação de Alisson e colocar a igualdade no placar.
Os pênaltis
Com tudo igual após 120 minutos, restou os pênaltis para definir o primeiro classificado às quartas de final da Copa. Vlasic abriu a contagem para a Croácia, e Rodrygo, em péssima batida, parou em Livakovic. Na sequência, Majer e Casemiro converteram suas cobranças. Na terceira série, Modric e Pedro também fizeram. Por fim, Orsic também balançou a rede, e Marquinhos, ao acertar a trave, colocou ponto final na campanha do Brasil.