As transferências de responsabilidade que acabam com o Grêmio
Por Fabio Utz
Foi pênalti de Kannemann? Foi, foi pênalti. Foi pênalti no Ferreira? Acho que foi. Foi pela arbitragem que o Grêmio perdeu o Gre-Nal? Não, não foi. Por isso, sequer falarei da "acusada de golpe" que o Tricolor e seu contexto deram ontem no pós-Gre-Nal. Já estou me sentindo um chato ao analisar os erros da gestão Romildo Bolzan Júnior, mas os protagonistas de um fracasso que não acontecia desde 2018 se repetem em atitudes e declarações pequenas e catastróficas. Vamos, mais uma vez, aos fatos.
Acabou passando quase que batido, mas Renato Portaluppi falar do calor para justificar um primeiro tempo abaixo do ridículo é algo que beira o nojento. O próprio treinador deixar, nas entrelinhas, que Pepê está fora do prumo por conta de questões extracampo é querer tirar de si a responsabilidade. "Faz assim, Renato, tira o Pepê então!", eu diria. Mas obviamente é mais fácil deixar em campo alguém que está abaixo e jogar para ele o rojão do momento que é péssimo, e não excepcional. Por óbvio, não há nenhum dirigente capaz de calar Renato, cobrá-lo sobre a desmobilização do grupo e impedi-lo de vir a público diminuir o tamanho do clube. O Grêmio pode mais, e deveria mostrar, internamente, que não esta satisfeito com o papelão feito neste Campeonato Brasileiro.
O time não se encontra apenas atrás daqueles que investem R$ 200 milhões, mas daqueles que devem R$ 200 milhões (ou mais) e que, mesmo assim, tratam com a seriedade que merece a principal competição do calendário nacional. O Grêmio corre pouco, tem pouca inspiração e não consegue segurar um placar por causa de erros infantis.
O Tricolor se acha um clube autossuficiente, mas se enrola nos seus próprios egos. E daí vem o presidente que, mesmo incomodado com a arbitragem, diz que não vai reclamar. Como assim? O mesmo Romildo que há poucos dias afirmava que os juízes tinham entrado no prumo depois de uma reclamação formal junto à CBF agora recua por conta de um suposto processo da Associação Nacional de Árbitros? Essa não é a postura que a torcida quer de seu mandatário. Mas, como dentro das estruturas da Arena todo mundo baixa a cabeça para ele, dificilmente vai alterar esse tom, o que abre as portas para Renato também falar suas besteiras.
O Grêmio se perdeu, e suas lideranças são as responsáveis, principalmente por não quererem enxergar o óbvio e colocarem em terceiros a culpa. E antes que me pergunte se quero a troca do técnico para 2021, digo que não. Até por ter a certeza de que só Renato, neste caso, sairá, e o restante dos muitos nomes causadores deste momento de baixa seguirão.
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