Até quando o Fluminense seguirá rifando o futuro promissor em troca de um presente mediano?
Por Nathália Almeida
O torcedor do Fluminense costuma dizer que paz, absoluta e irrestrita, é algo que o clube carioca desconhece há longos e longos anos. Nem mesmo quando a fase dentro das quatro linhas é positiva, o clima está 100% tranquilo nas Laranjeiras. E o motivo para a irritação de momento dos tricolores é justo e justificado: ao que tudo indica, mais duas joias de Xerém se vão rumo ao Velho Continente precocemente, cena que tem se repetido à exaustão nos últimos anos.
De acordo com a apuração do globoesporte.com, o Fluminense encaminhou uma 'venda casada' de Kayky e Metinho, duas referências do Sub-17 tricolor, ao City Football Group, empresa que administra o Manchester City e diversos outros clubes de futebol ao redor do mundo. A negociação deve render imediatos €15 milhões (aproximadamente R$ 98 milhões) ao clube mas, dependendo de determinados gatilhos e bonificações, este valor pode praticamente dobrar. Além disso, o Tricolor terá direito a um percentual sobre vendas futuras dos dois atletas.
Além da crise financeira alavancada pela pandemia global de Covid-19, uma das 'justificativas' para a venda precoce das duas joias é o temor do clube em perdê-las gratuitamente ao final de seus respectivos contratos, válidos somente até 2022. Isso aconteceu com Marcos Paulo - sairá de graça em junho deste ano rumo ao Atlético de Madrid -, e por conta da falta de poder de barganha do Fluminense e assédio cada vez mais precoce dos clubes europeus, esse mesmo enredo poderia se repetir com Kayky e Metinho. Então, a 'solução mágica' encontrada pelo presidente Mário Bittencourt foi rifar as duas estrelas em ascensão, fechando a venda antes mesmo de suas respectivas estreias profissionais.
Tudo isso é extremamente frustrante e doloroso para o torcedor, que até compreende o fato do Fluminense depender de negociações para manter o fluxo de caixa, mas não consegue (com razão!) aceitar o fato de que o clube segue optando por leiloar seu futuro promissor em troca de um presente mediano. Ao mesmo tempo em que fecha a venda de garotos, a atual diretoria negocia a renovação de contratos de jogadores como Caio Paulista e Hudson, que pouco ou nada agregam ao elenco profissional e definitivamente não são baratos. Ao mesmo tempo em que se despede do talentoso Metinho - meia inteligente, forte, habilidoso e veloz -, o subaproveitado Ganso ainda tem três anos de contrato pela frente por cumprir, ganhando um dos maiores salários do plantel. No fim das contas, o Tricolor forma, modela e lança o garoto, para ele prosperar vestindo outra camisa. E a verba da sua venda vai para dívidas trabalhistas, acordos com empresários ou contas correntes de medalhões...