Carta assinada por 15 clubes coloca em xeque proposta de criação de Liga - veja os termos
Por Fabio Utz
A criação da Liga do futebol brasileiro (Libra), ao que tudo indica, não está tão encaminhada quanto parecia. Isso em função de uma carta assinada por clubes das Séries A e B repudiando termos estabelecidos em proposta criada por Flamengo e principais equipes paulistas.
O entrave está, claro, na divisão dos direitos de televisão. O Rubro-Negro carioca, mais Corinthians, Red Bull Bragantino, Flamengo, Palmeiras, Santos, São Paulo, Ponte Preta e Cruzeiro, querem 40% repartidos de forma igualitária, 30% variável por performance e 30% variável por engajamento e audiência. O bloco que não concorda com esta base defende 50% repartidos de forma igualitária, 25% por performance e 25% por engajamento.
Como a criação da Liga depende da adesão de 100% das equipes das duas primeiras divisões do país, uma nova discussão naturalmente terá que ser feita. Assinam este manifesto os seguintes clubes: Athletico-PR, Atlético-GO, Avaí, Brusque, Ceará, CSA, Cuiabá, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Náutico, Operário-PR, Sampaio Corrêa, Sport e Vila Nova. Veja, abaixo, o documento na íntegra.
CARTA: Clubes das séries A e B discutem contraproposta para criação da Liga
A maioria dos clubes de futebol integrantes das séries A e B do Campeonato Brasileiro segue em seu esforço pela criação da Liga de Clubes e, com esse objetivo, se reuniu na tarde desta sexta-feira para discutir os critérios que nortearão, em bases sustentáveis e justas, o equilíbrio de forças no futuro.
Entre os assuntos debatidos, o mais relevante foi a divisão de receitas de forma que contribua de fato para o aprimoramento da competição, tornando menos desiguais as condições de competitividade atuais.
Os termos aceitos em São Paulo por outros 6 clubes perpetuam o abismo que existe hoje, ao manterem a parte igualitária das receitas em 40%, enquanto nos campeonatos mais bem sucedidos este percentual pode chegar a 68% somando todos os direitos domésticos, internacionais e de marketing, caso da Premier League, por exemplo.
Não é aceitável que haja clubes ganhando 6 vezes mais do que outros, enquanto nas melhores Ligas do mundo essa diferença não ultrapassa 3,5 vezes.
Outro ponto a ser aprimorado é a adoção de premissas que não privilegiem pilares de difícil aferição, em especial ao que tange a engajamento. Tais critérios, na visão da maioria dos clubes que participaram da reunião, apenas perpetuam a posição de superioridade de alguns sobre outros, não dando a oportunidade de maior equilíbrio dos campeonatos.
A criação da Liga entre os 40 clubes será a oportunidade de se mudar efetivamente o futebol brasileiro e esse objetivo não pode se subordinar a interesses individuais de alguns, petrificados há décadas na superioridade de recursos. Sabemos que não seria justo buscar igualdade total de receitas, mas sim equanimidade e melhor distribuição.
O futebol brasileiro não avançará sem que haja um consenso entre os 40 clubes das séries A e B de que a justa distribuição de receitas gerará maiores oportunidades na disputa.