Caso Negreira: presidente do Barcelona nega compra de arbitragem e reclama da postura do Real Madrid
Por Raisa Lima
Joan Laporta, atual presidente do Barcelona, fez uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira (17) para falar sobre o Caso Negreira e a situação do clube catalão. O Barça foi acusado oficialmente pela justiça espanhola por corrupção a partir de pagamentos suspeitos feitos à empresa de José María Enríquez Negreira, ex-árbitro e vice-presidente da Comissão de Arbitragem da Espanha.
Laporta abordou diversos temas e indicou a tese de que o clube pode ser uma vítima da ação de dirigentes caso seja comprovado a corrupção empresarial.
"Se for demonstrado que algumas pessoas físicas ou entidades externas ao clube se aproveitam de um comportamento irresponsável em benefício próprio, o clube seria a vítima. E se assim for, vamos investigar até o fim"
- Joan Laporta
Apoiado no relatório do departamento de compliance do clube, o presidente insistiu que o Barça não fez nada de irregular no Caso Negreira. Laporta reconhece os pagamentos à Enríquez Negreira, mas insiste que eram para relatórios técnicos. Contudo, negou que o dinheiro fazia parte de um esquema para obter favores de arbitragem.
"O Ministério Público não conseguiu demonstrar que os pagamentos feitos à empresa relacionada ao Sr. Negreira poderia influenciar nas nomeações de arbitragem ou nos resultados desportivos"
- Joan Laporta
Também falou sobre o posicionamento do Real Madrid em relação ao caso, principalmente depois que a denúncia se tornou oficial e a manifestação do rival foi de “profunda preocupação” com as acusações. Laporta não deixou de alfinetar o clube de Madri e pontuou questões históricas que beneficiaram o time merengue.
"Gostaria de comentar a aparição de um clube que se meteu na causa e se disse prejudicado esportivamente. Um clube, o Real Madrid, que foi historicamente favorecido por decisões de arbitragem. Historicamente e atualmente. Um time considerado o time do regime por sua proximidade ao poder. Acho que vale lembrar que durante sete décadas a maioria dos presidentes gerais foram ex-sócios, ex-jogadores ou ex-dirigentes do Real Madrid. Durante 70 anos, os que escolheram as pessoas que tinham que decidir se havia justiça foram ex-sócios, jogadores e ex-dirigentes do Real. Que este clube alegue se sentir prejudicado esportivamente no melhor período de sua história me parece um exercício de cinismo sem precedente"
- Joan Laporta
Joan Laporta admitiu que a manifestação do Real abalou a relação das equipes. Ele compreende que o presidente Florentino Pérez estava pressionado por sócios a um posicionamento oficial, mas acredita que a atitude do rival foi precipitada por ter sido antes da oficialização do caso na Justiça.
"Temos uma relação cordial com todos os clubes, Real incluído. Para mim, há uma relação cordial institucional que foi prejudicada. Penso que é um exercício impróprio de um clube como o Real"
- Joan Laporta
Outro nome citado por Laporta durante a coletiva foi de Javier Tebas, presidente da La Liga. Disse que a diretoria da competição espanhola tentou influenciar a UEFA para que tomasse uma posição antes do desfecho do Caso Negreira, e acredita que isso foi um contragolpe ao clube por ter discordado recentemente de decisões do campeonato.
"É o ataque mais feroz que estamos sofrendo na história. Não entendemos LaLiga, que teve uma atitude beligerante, incendiária. E falo de Tebas, porque está tendo um comportamento irresponsável, que não ajuda e está atrapalhando. Está validando hipóteses que são falsas"
- Joan Laporta
Joan Laporta acredita que o Barça não vai sofrer punições esportivas por parte da UEFA.
"A UEFA não se junta a este linchamento público e estou convencido de que isso não acontecerá. Seria um fato sem precedentes com um clube do nível do Barça. A Uefa sabe que estão validando hipóteses que não são reais. E, apesar de termos diferenças, o senhor Ceferin (presidente da instituição) está atuando com prudência e de maneira responsável. Não caiu no mesmo erro de Tebas"
- Joan Laporta
Antes de abrir para as perguntas dos jornalistas ao final da coletiva, Laporta fez uma declaração oficial e focou em abordar sobre um relatório investigativo encomendado pelo Barcelona com uma empresa independente, que não teria encontrado indícios de crime na relação com Negreira.
Os pagamentos não foram considerados ilegais por não ter qualquer indício de que eram para obter vantagens, designar árbitros específicos para as partidas e ser beneficiado por decisões destes juízes. Laporta acredita que o clube está sofrendo difamação de maneira proposital e que vão agir judicialmente contra veículos de notícias que possam prejudicar a imagem do clube.