CBF publica estudo sobre aumento de 76% em casos de homofobia no futebol nacional
Por Antonio Mota
Nesta quarta-feira, 17 de maio de 2023, é celebrado o Dia Internacional da Luta contra a LGBTfobia. Por conta da data, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) se manifestou e publicou comunicado reforçando “sua missão no combate contra a discriminação no esporte” e destacando sua “luta pela inclusão de todos os povos pelo futebol”.
Em site oficial, a Confederação publicou estudo do Coletivo de Torcidas Canarinhos LGBTQ+, feito com seu apoio, que indicou aumento de 76% no número de casos de homofobia no futebol nacional – considerando dentro e fora de campo – no último ano. Em 2022, o Anuário do Observatório do Coletivo registrou 74 casos de homofobia envolvendo agentes ligados ao esporte.
A quantidade de registros é 76% superior ao de 2021, quando foram relatados 42 casos. Antes, em 2020, que foi o primeiro ano da pandemia da Covid-19, ou seja, quando o calendário do futebol nacional foi interrompido, esse número foi de 20 casos.
“São casos que se repetem toda semana, é uma luta complexa e desafiadora. Há clubes que já detectaram isso e trabalham o tema com seus jogadores, funcionários e torcedores. Mas ainda é insuficiente. A LGBTfobia é um mal social que se alastra em todos os ambientes, em especial no futebol”, afirmou Onã Rudá, fundador do Coletivo de Torcidas Canarinhos LGBTQ+, ao site da CBF.
"Essa intolerância motivada por ódio e discriminação é profundamente violenta e deixa marcas profundas. Temos uma pesquisa de 2018 que indica que 62,5% dos LGBTQ+ brasileiros já pensaram em suicídio."
- Onã Rudá, do Coletivo de Torcidas LGBTQ+
O presidente Ednaldo Rodrigues, primeiro negro e nordestino a comandar a CBF, também falou sobre o assunto. O dirigente afirmou que a Confederação tem essa pauta como uma prioridade. "O trabalho mostra uma triste realidade, que estamos lutando para acabar no futebol. A CBF vai sempre combater os preconceitos e trabalhar para que o futebol seja um lugar de inclusão", pontuou.
Ainda em seu comunicado, a CBF destacou que é a “primeira confederação de futebol no mundo a adotar no Regulamento Geral de Competições a possibilidade de punir esportivamente um clube em caso de discriminação”. Essa é uma novidade que foi publicada no RGC há cerca de três meses, em fevereiro.
A CBF também trouxe no documento que o Coletivo de Torcidas Canarinhos LGBTQ+ está sempre trabalhando para se aproximar de órgãos e entidades de dentro e fora do futebol, como STJD e Ministério Público, além da própria Confederação. A organização também busca esse contato com as torcidas que fazem parte do movimento.
Onã Rudá ainda falou sobre a nova postura da CBF e sinalizou o quanto é importante que os árbitros registrem os eventos nas súmulas dos jogos. “Estamos avançando e o apoio do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, tem sido fundamental. Há nitidamente uma nova lógica de pensar o futebol e a forma com que ele se relaciona com a sociedade”, iniciou, emendando:
“Um passo importante que precisa ser dado é a construção de um protocolo que padronize e oriente de forma direta como todos os árbitros do Brasil devem agir diante de cada situação de discriminação. Há árbitros que paralisam as partidas por causa de cânticos homofóbicos, mas não registram o caso em súmula e isso prejudica ações no STJD”, finalizou.