Clubes brasileiros se manifestam no Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial; veja
No Brasil, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta que 54% da população brasileira é negra. Apesar disso, o preconceito racial, problema estrutural de longa data, assola a nossa sociedade há muito e carece de políticas mais eficazes de erradicação do preconceito contra raça. Uma das formas de se promover isso é através do 3 de julho, Dia Nacional do Combate à Discriminação Racial.
Aprovado através da Lei 1.390, em 1951, pelo Congresso Brasileiro, com o objetivo de tornar contravenção penal a discriminação racial, o dia serve para alertar que racismo é, sobretudo, crime, ainda que muitos não o saibam.
O apoio do esporte, por sua vez, é mais um meio importante para o incessante trabalho de combate à discriminação concernente à raça. Nesse sentido, alguns clubes do nosso futebol se pronunciaram nas redes sociais na manhã deste domingo (3) com mensagens de apoio ao combate às lutas e à corrente que visa reafirmar cada vez mais a promoção de um pensamento antirracista, sobretudo em meio ao esporte.
Palmeiras e Internacional, por exemplo, os primeiros times a se expressarem publicamente hoje, fortaleceram o compromisso dos grandes clubes em propagar tão importante mensagem. Os paulistas lembraram o fato de terem mudado de nome por causa das perseguições no tempo da Segunda Guerra Mundial após o Brasil decidir ficar do lado dos Aliados (Estados Unidos, Inglaterra, França e União Soviética) no devastador conflito.
Os gaúchos, por sua vez, foram enfáticos ao lembrarem sobre a importância do clube sempre ter tido uma identidade inclusiva e democrática no cenário do futebol brasileiro ao longo dos anos.
Casos recentes no futebol sul-americano têm colocado em cheque as ações por parte da Conmebol (entidade que representa o futebol na América do Sul) quanto às punições a flagrantes de racismo. Isso porque na Copa Libertadores e na Copa Sul-Americana, times brasileiros sofreram bastante recentemente com torcedores adversários por causa de insultos. O Corinthians, por exemplo, foi vítima de injúrias raciais nas duas vezes em que enfrentou o Boca Juniors na Arena Neo Química, em jogos válidos pela Libertadores de 2022.
No jogo pela fase de grupos, a Conmebol multou o Boca Juniors em US$ 100 mil (R$ 521.730) pelos atos racistas feitos por seus torcedores em São Paulo. Novas medidas, inclusive, foram anunciadas.
Somente isso, porém, mais do que comprovou-se, não é eficaz para que casos semelhantes não voltem a acontecer. Tanto é que cenas lamentáveis se repetiram na última terça-feira (28), em Itaquera, em jogo que acabou sem gols. Caso novas medidas não sejam tomadas pela entidade, a reafirmação de racismo tornar-se-á uma constante na atualidade do futebol sul-americano, um grande golpe contra os times que batalham para que as injúrias raciais sejam erradicadas do meio.