Conmebol contesta relatório 'errado e discriminatório' sobre candidatura da Colômbia para mundial feminino de 2023
Por Antonio Mota
Na noite desta quarta-feira (17), a Conmebol enviou uma carta à FIFA contestando conclusões ‘erradas e discriminatórias’ de relatório da entidade máxima do futebol mundial acerca da candidatura da Colômbia à sede da Copa do Mundo Feminina de 2023 – que é a única da América do Sul, após desistência do Brasil, a seguir na disputa para sediar o evento.
No documento, conforme informações do GloboEsporte.com, a entidade sul-americana diz que “busca esclarecer a vocês todos os erros conceituais contidos no relatório e demonstrar que a Colômbia não apenas está pronta para receber o torneio como também é o lugar ideal para realizá-lo, com vistas a catapultar definitivamente o futebol feminino em nível global”.
A carta, que foi enviada aos 36 integrantes do Conselho da FIFA – que se reunirão no dia 25 de junho para decidir onde vai ser o próximo mundial feminino –, foi uma resposta a um relatório público da federação internacional que indicou que os candidatos da Oceania estavam à frente do representante sul-americano.
No documento, a candidatura conjunta de Austrália e Nova Zelândia tinha 4.1 pontos, sendo cinco a pontuação máxima, o Japão tinha 3.9 e a Colômbia tinha apenas 2.8.
A Conmebol, no entanto, não ficou satisfeita com a avaliação e rebateu os pontos criticados no relatório. Confira abaixo:
SEGURANÇA
No primeiro ponto, a Conmebol critica o posicionamento ‘ignorante’ e cheio de dúvidas da FIFA em relação à segurança na Colômbia.
"É uma afirmação dolorosa para colombianos e sul-americanos, uma vez que se baseia apenas em preconceitos profundamente enraizados que desconhecem os processos de paz, que vêm ocorrendo há muitos anos, endossados por várias organizações internacionais. O "terrorismo" aludido com uma lamentável leveza no relatório técnico não existia há muito tempo. A Colômbia vive hoje um tempo de estabilidade e paz social, fruto do esforço e maturidade de seu povo. Denota ignorância em relação à situação na Colômbia e também desinteresse em realizar pelo menos uma busca mínima pela situação atual em que o país se encontra. Um exemplo da falta de consistência no documento é a seção que sugere uma “supervisão mais exaustiva” da cidade de Cali, sem explicar os motivos ou oferecer qualquer base".
SERVIÇOS DE SAÚDE, MÉDICOS E CONTROLE DE DOPAGEM
Já em relação a ‘saúde’, a entidade sul-americana marca trecho do relatório da FIFA: “[...] Os hospitais colombianos geralmente não prestam serviços de emergência de acordo com os serviços internacionais de saúde; portanto, pacientes com sintomas graves podem ter que ser evacuados para outro país", e rebate:
"O relatório técnico sem suporte estabelece que a Colômbia não possui serviços médicos adequados para lidar com "casos graves", que podem eventualmente ser "evacuados para outro país". Esta declaração é ofensiva. Os melhores hospitais de Bogotá, Medellín e Cali estão entre os mais avançados da América do Sul, segundo o prestigiado ranking América Economia. Além disso, eles são reconhecidos por receber "quadros sérios" do exterior.
QUESTÕES COMERCIAIS
Do ponto de vista econômico, a Conmebol apresenta o recorte abaixo e usa alegação da própria FIFA para defender a candidatura da Colômbia.
Trecho: “Com relação ao potencial da televisão, a FIFA analisou as áreas onde o torneio aconteceria, e os resultados nos convidam a supor que a candidatura da Colômbia seria muito atraente para o mercado do continente americano, mas também que os jogos seriam disputados. geralmente fora do horário europeu tardio / noturno. A limitação deve ser registrada para gerar certas oportunidades comerciais no setor audiovisual nacional e continental, devido a vários acordos comerciais em vigor. Embora exista um grande interesse local no futebol, espera-se que as condições para gerar receita de marketing internacional (público, PIB; atratividade do ambiente e estrutura de patrocínios) sejam limitadas”.
Resposta: "Com relação a esse ponto, desconhecemos os aspectos considerados, pois a Fifa relata que já existem acordos comerciais em vigor na região, o que supõe um alto interesse no futebol feminino na região, garantindo o sucesso do evento em assuntos televisivos, de bilheteria, hospitalidade, patrocínio, entre outros". E acrescenta: "Como segundo ponto, queremos observar que a Colômbia fica a apenas três horas da principal potência do futebol feminino e do último campeão mundial, os EUA. A Colômbia também possui o fuso horário ideal para o Brasil e os EUA, os principais públicos de televisão da Copa do Mundo anterior, disputados na França, segundo dados da FIFA. A mesma vantagem de fuso horário se aplica à Europa e à África. Diante de tantos erros, vale a pena perguntar qual é a experiência ou as habilidades que comprovam a solvência dos autores deste relatório técnico. Também é necessário acrescentar que, embora a introdução fale sobre “avaliação exaustiva” para permitir uma "decisão informada", a ausência de fontes formais ou estatísticas críveis para apoiar as conclusões que desqualificam a candidatura da Colômbia é notória e muito impressionante", encerra.
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