De tempos em tempos, Jô reafirma descompromisso com o Corinthians; até quando?
Por Lucas Humberto
A terça-feira, 8 de junho, terminou péssima para qualquer torcedor do Corinthians. Desfalcado e fora de casa, o Timão foi derrotado pelo Cuiabá, que tinha uma vitória em incríveis 11 partidas. Perto da apática atuação coletiva e das falhas grotescas de Robson Bambu, a parcial de 1 a 0 acabou nem sendo a pior das notícias. A cereja do bolo seria ainda mais amarga.
Jô, que não foi relacionado por estar em tratamento médico, foi filmado em uma roda de pagode enquanto o alvinegro emplacava outro tropeço. Dali, o centroavante de fato não poderia fazer nada para reverter a situação.
A insensibilidade, contudo, ganhou tons quase cinematográficos - aliás, quem filmou merece parabéns pelo enquadramento digno de novela. De costas para o televisão que transmite o duelo, o camisa 77 sorri com um tantã em mãos, dá um gole na cerveja e toca.
Na Arena Pantanal, a Fiel seguia bradando: "eu canto para te empurrar". Não adiantou. Isso, claro, depois de ter pago caríssimo para ter 90 minutos de tortura esportiva. Em casa, os torcedores agonizavam com cada chance perdida, passe errado ou tentativa frustrada.
Mas esse somos nós. Quem ama o time, parcela viagens, chora, se irrita, celebra, provoca, sente, são os torcedores. Jô não estava em seu horário de trabalho e tampouco deve amor ao Corinthians. Tanto que estava de costas para a televisão.
No dia seguinte ao episódio, o atacante, sem justificativas, deixou de comparecer ao treinamento. Em março, três meses atrás, o experiente atleta também havia faltado em sessões de trabalho. Em dezembro, Jô literalmente sumiu, preocupou familiares e só apareceu novamente para anunciar que o casamento havia chegado ao fim.
A maior das polêmicas, contudo, data de março de 2021. À época, o Brasil atravessava um dos piores momentos da Covid-19, inclusive com surtos dentro do próprio Timão, enquanto Jô e Otero curtiam a folga num resort.
A cronologia da terceira passagem de Jô pelo Parque São Jorge nos deixa duas lições. A primeira é que jamais devemos colocar expectativas emocionais em nenhum atleta. Jogador deve desempenho, não amor. Por mais desagradável que seja - e é -, o camisa 77 não está errado em curtir o pagode.
A segunda é entender a importância do conjunto da obra. Casos isolados são fáceis de serem perdoados. Jô, por outro lado, parece empenhado em, de tempos em tempos, mostrar descompromisso com seu emprego. Se futebolistas precisassem lidar com o conturbado mercado de trabalho dos dias atuais, o atacante estaria agora mandando currículos.