Da parceria à independência, salve o Corinthians!
Por Lucas Humberto
Enquanto esporte coletivo, o futebol se popularizou por suas duplas, trios e até quartetos inteiros de ataque. Mas você sabia que, embora não seja tão comum assim, duos administrativos funcionam muito bem na modalidade de maior popularidade no mundo? A prova viva está no time feminino mais vitorioso do país na atualidade: o Corinthians.
Apesar de ter sido fundada em 1997, a equipe só foi reativada nos idos de 2016, através de parceria com o Grêmio Osasco Audax. Foram só dois anos de união, mas a colaboração acabou sendo tudo que o Timão precisava para alçar voos mais altos rumo à popularização do futebol feminino em solo nacional.
As primeiras glórias do renascido Alvinegro vieram logo em 2016 com o título inédito da Copa do Brasil - curiosamente no último ano de existência competição -, e a consequente classificação à Libertadores de 2017. À época, o Audax/Corinthians chegou invicto à final do torneio continental e, depois de uma grande atuação da goleira Lelê diante do Colo-Colo, levantou a taça.
Ainda no final de 2017, a breve porém frutífera união foi encerrada, ocasionando algumas complicações burocráticas, sobretudo porque a Conmebol considerou apenas a equipe de Osasco como campeã da Libertadores. As corinthianas, então, não apenas "perderam" o título, como também a vaga automática dada ao atual vencedor do campeonato.
Na ocasião, a entidade sul-americana levou em conta os critérios classificatórios das competições em 2016. Naquele ano, as equipes ainda não podiam atuar com o mesmo nome. Diante do impasse, optou-se pela alternância: o time vestiu a camisa do Corinthians no Paulista e Brasileiro; e a do Audax na Copa do Brasil.
No entanto, como nós detalhamos acima, a vaga na Libertadores foi conquistada justamente depois do título inédito da Copa. Assim, a Conmebol reconheceu o time do interior de São Paulo como grande vencedor do torneio sul-americano. A entidade, porém, fez as devidas ponderações com relação ao papel alvinegro.
"Como parceiro oficial do Audax naquela oportunidade, inclusive com o nome do clube incluído na tabela, obviamente o Corinthians é parte da conquista, que foi corretamente celebrada pela sua torcida, podendo se considerar campeão, dentro do regime de parceria efetuada", ressaltou a Conmebol.
Independência na era de Cris Gambaré
Com o encerramento da parceria oficialmente decretado, Cris Gambaré assumiu o cargo de diretora do futebol feminino. O Timão nunca mais seria o mesmo. Sob sua gestão, o alvinegro mais uma vez chegou ao topo do continente de forma invicta, se encaminha para a 12ª final consecutiva desde 2016 e costumeiramente recebe o título de imbatível.
Dentro das quatro linhas, Arthur Elias conduz um dos trabalhos mais brilhantes da história da modalidade. Alinhando experiência e juventude, o treinador foi capaz de construir um grupo equilibrado em todos os setores. Da segurança da goleira Natascha ao brilhantismo definidor de Gabi Zanotti, o nível do Timão parece só aumentar.
Quer ver só? Na fase de classificação do Paulistão 2021, última competição antes da Libertadores, foram incríveis 47 gols anotados e somente três sofridos em 11 oportunidades. Agora, Tamires e companheiras voltam suas atenções ao continente, onde a lembrança mais recente definitivamente não está entre as melhores.
Em março deste ano, o Timão caiu invicto na semifinal ante o América de Cali - a equipe perdeu nas penalidades máximas depois de 1 a 1 no tempo regulamentar. Com a chave devidamente virada, o alvinegro aposta na sua letalidade ofensiva que, embora já fosse marca registrada do grupo no início de 2021, nunca esteve tão evidente.
Rumo ao topo do continente novamente, o único grito que se escuta às margens do Estádio Centenário é: salve o Corinthians!
A estreia do Timão na Libertadores acontece nesta quinta-feira (4). A partida, válida pela primeira das três rodadas da fase de grupos, coloca o time frente a frente com o San Lorenzo, da Argentina.