Decisão da France Football em cancelar prêmio Bola de Ouro privilegiou a exceção
Por Nathália Almeida
No início desta semana, a tradicional revista 'France Football' veio a público para comunicar que, excepcionalmente neste ano de 2020, não haverá a entrega do prêmio Bola de Ouro. Desta forma, a principal honraria individual deste esporte, que reverencia o melhor jogador do mundo na temporada, está suspensa e só deve voltar a ter um vencedor em 2021.
A justificativa da entidade responsável pelo prêmio é de que a longa paralisação em virtude do coronavírus mudou calendário/ritmo de jogo e despadronizou os critérios de avaliação para a entrega da honraria. Não há dúvida de que este era um caminho possível a ser seguido mas, aos olhos de muitos, tratou-se de uma decisão puramente política e diretamente influenciada pelo cenário do futebol no berço da premiação: a França.
Dentre as cinco grandes ligas europeias, somente a Ligue 1 não retornou. Em uma decisão controversa e taxada de precipitada por diversos profissionais da bola e até mesmo torcedores, entidades governamentais e esportivas do país optaram por dar o Campeonato Francês como encerrado fora das quatro linhas, com o Paris Saint-Germain ficando com a taça. Tal direcionamento mexeu consideravelmente com o cenário da 'corrida' pelo Bola de Ouro, já que Neymar e Kylian Mbappé vinham com números/atuações de fortes concorrentes ao prêmio na temporada, mas tiveram sua temporada 'interrompida' bem antes dos demais supostos candidatos.
No fim das contas, a decisão da France Football em suspender a premiação individual mais importante do esporte acabou favorecendo a exceção, e não a 'regra'. Enquanto La Liga, Premier League, Bundesliga e Serie A voltaram sob protocolos bem restritos de segurança/higiene e garantiram grandes jogos - com grandes exibições de estrelas como De Bruyne, Lewandowski e outros concorrentes em potencial -, o cancelamento da Ligue 1 acabou sendo o único 'divisor de águas' para o veredicto dos organizadores da cerimônia. Um asterisco que ficará marcado por muito tempo na história do futebol mundial e alavancará um debate sem resposta certa ou errada: quem teria sido escolhido como melhor do mundo se a cerimônia não fosse suspensa?