Desconfiança ao VAR passa diretamente por resistência da CBF em torná-lo mais transparente
Por Nathália Almeida
Ainda que seu desfecho seja apenas na próxima segunda-feira (16) - com a realização de mais duas partidas -, a rodada 21 do Brasileirão já é mais uma das muitas jornadas comprometidas por arbitragens caóticas e de critério duvidoso, para dizer o mínimo. O advento da tecnologia do VAR, que conseguiu minimizar os erros e controvérsias em boa parte dos mercados ao redor do mundo, parece só ter aumentado os questionamentos em solo tupiniquim. E isso diz muito mais sobre o nosso o futebol do que sobre a tecnologia em si.
O primeiro ponto, que pode ser considerado como a origem do problema, está na capacitação dos nossos árbitros. O debate da profissionalização se arrasta há longa data, mas segue engavetado pelas principais entidades do futebol sul-americano, ou seja, trata-se de uma demanda ignorada, apesar do grande apelo dos árbitros por melhores condições.
Para além da não-profissionalização, existem outros dois graves problemas que ajudam a explicar o nível ruim das arbitragens e a consequente desconfiança popular sobre o uso da tecnologia: as múltiplas interpretações e/ou brechas no protocolo do árbitro de vídeo; e a resistência constante da CBF em tornar o VAR mais transparente.
Simplesmente não há um padrão na forma como o VAR tem sido utilizado em solo brasileiro. A cada nova rodada, árbitros parecem cair em contradição no que pode ou não ser revisto na cabine, o que colabora imensamente para que esta ferramenta perca credibilidade junto ao senso comum. A falta de transparência nos diálogos entre os profissionais do vídeo e o árbitro de campo também colabora para a desconfiança: tornar os áudios públicos ajudaria, e muito, para que as críticas e dúvidas sobre a idoneidade da ferramenta e de seus operadores diminuíssem. Uma simples medida poderia mudar muito a percepção/opinião popular sobre algo que veio para ajudar, mas as instituições do futebol brasileiro seguem optando pelo caminho mais difícil.