Dois anos do Incêndio no Ninho do Urubu: o que aconteceu nestes 24 meses?
Por Antonio Mota
Há exatamente dois anos, o Flamengo e o futebol mundial se deparavam com uma das maiores tragédias da história recente do esporte: o Incêndio no Ninho do Urubu. Há exatamente dois anos, naquela fatídica madrugada do dia 8 de fevereiro de 2019, parte do CT do Flamengo entrava em chamas e ocasionava a morte de 10 garotos, além dos ferimentos de outros três jovens entre 14 e 17 anos. Há exatamente dois anos... Dois anos de dor para várias famílias, de sofrimento para uma Nação e de muitos problemas e falta de acerto com os envolvidos.
Como andam as indenizações? E as investigações? Alguém foi responsabilizado? Onde estão os sobreviventes? Confira abaixo tudo sobre o que aconteceu nestes 24 meses em relação à Tragédia no Ninho do Urubu.
Indenização e vítimas
Ao longo destes exatos dois anos, o Flamengo entrou em acordo com 8 famílias e meia das 10 vítimas fatais, sendo que o último acerto foi realizado no último mês de dezembro do ano passado. Até o momento, o clube não encontrou em consenso com a mãe de Rykelmo, que entrou na Justiça, e com os familiares de Christian Esmério.
Em forma de homenagem, o Rubro-Negro vai construir uma capela no local onde ocorreu o incêndio e que hoje é o estacionamento do módulo profissional do CT do clube. Ainda não há data marcada para a inauguração do espaço.
As 10 vítimas fatais do Incêndio no Ninho do Urubu
Athila Paixão, de 14 anos
Arthur Vinícius, 14 anos
Bernardo Pisetta, 14 anos
Christian Esmério, 15 anos
Gedson Santos, 14 anos
Jorge Eduardo Santos, 15 anos
Pablo Henrique da Silva Matos, 14 anos
Rykelmo de Souza Vianna, 16 anos
Samuel Thomas Rosa, 15 anos
Vitor Isaías, 15 anos
Além das vítimas fatias, o Ninho do Urubu também contava com outros 16 meninos no alojamento no dia do incêndio. Destes, sete continuam no clube, incluindo os três que ficaram feridos: Cauan, Francisco Dyogo e Jhonata Ventura.
Os 16 sobreviventes do Incêndio no Ninho
Cauan (atacante) - segue no Flamengo
Francisco Dyogo (goleiro) - segue no Flamengo
Filipe Chrysman (atacante) - segue no Flamengo
Kayque Soares (zagueiro) - segue no Flamengo
Rayan Lucas (volante) - segue no Flamengo
Samuel Barbosa (atacante) - segue no Flamengo
Jhonata Ventura (zagueiro) - segue no Flamengo
Jean Sales - saiu do Flamengo
Caike Duarte - saiu do Flamengo
Felipe Cardoso - saiu do Flamengo
João Vitor Gasparin - saiu do Flamengo
Naydjel Callebe - saiu do Flamengo
Wendel Alves - saiu do Flamengo
Kennyd Lucca - saiu do Flamengo
Pablo RuanGabriel de Castro - saiu do Flamengo
Investigações e réus
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro acatou a denúncia do Ministério Público, no último mês de janeiro, e 11 pessoas – ex-presidente Eduardo Bandeira de Mello – se tornaram rés no caso do Incêndio no Ninho. Os acusados vão responder por incêndio culposo (sem intenção) qualificado, pela morte dos 10 garotos, e por lesão corporal, pelos três feridos. Veja mais informações aqui.
Réus
Eduardo Bandeira de Mello - ex-presidente do Flamengo
Márcio Garotti - ex-diretor financeiro do Flamengo
Carlos Noval - ex-diretor da base do Flamengo, atual gerente de transição do clube
Luis Felipe Pondé - engenheiro do Flamengo
Marcelo Sá - engenheiro do Flamengo
Marcus Vinicius Medeiros - monitor do Flamengo
Claudia Pereira Rodrigues - NHJ (empresa que forneceu os contêineres)
Weslley Gimenes - NHJ
Danilo da Silva Duarte - NHJ
Fabio Hilário da Silva - NHJ
Edson Colman da Silva - técnico em refrigeração
As informações acima são do ge.
Justiça e bloqueio de R$ 100 milhões do Flamengo
Após inúmeros adiamentos e ausência de desembargadores, segundo informações do ge, um recurso do Ministério Público do Trabalho, o qual pede o bloqueio de R$ 100 milhões do Flamengo para futuras indenizações (famílias das vítimas, sobreviventes e funcionários), vai a julgamento online amanhã (9) – dois anos e um dia após o Incêndio no Ninho do Urubu.
Ainda conforme o site, o processo se arrasta desde o dia 20 de fevereiro de 2019 e teve uma definição no dia 21 de outubro daquele mesmo ano. À época, o juiz Ricardo Georges Affonso Miguel alegou, aceitando alegação da defesa do clube, que o caso não era de competência da Justiça do Trabalho.
“A atividade dos jovens de categoria de base de clubes de futebol está inserida no inciso IV, do artigo 3º, da Lei Geral do Desporto, caracterizada por formação e com caráter recreacional ou recreativo, o que retira totalmente da natureza jurídica desta qualquer característica de aprendizagem”, justificou.
Cabe destacar que as turmas são formadas por apenas cinco desembargadores, ou seja, com os pedidos de dispensa de dois deles, sobraram três disponíveis, mas estes estavam (em momentos distintos) de férias e licenças, o que impossibilitou que o julgamento acontecesse, uma vez que é necessário três desembargadores prontos para o julgamento.
Após todo esse período, o caso vai ser julgado nesta terça-feira, 9, por três desembargadores da 9ª Turma, sendo: Fernando Antonio Zorenon da Silva, Antonio Carlos Azevedo Rodrigues e Ivan Costa Alemão.
Do Incêndio no Ninho do Urubu
Há exatos dois anos, o Flamengo sofria um dos maiores baques de sua história. O Incêndio no Ninho do Urubu matou e feriu crianças. Joias. Crias do Ninho. E marcou o clube para sempre. E o que aconteceu neste período? Muitas publicações e declarações de apoio de dirigentes às vítimas, a promessa de uma capela, pouco respeito de mandatários da equipe em determinadas situações, indenizações arrastadas, negociações frias e cruéis... Uma aula de desumanidade.
O Flamengo cresceu em campo nas últimas temporadas, mas se apequenou no caso na Tragédia do Ninho.