Domínio do elenco e plano tático definido: Ramon Menezes fez do Vasco um time competitivo
Por Nathália Almeida
Pobre em ideias, em futebol performado e consequentemente em resultados, o Vasco da Gama viveu um primeiro bimestre de temporada altamente problemático, com eliminação precoce no Carioca e classificações suadas na Copa do Brasil e na Sul-Americana. A derrota para o Goiás em março, antes da paralisação do calendário em virtude do coronavírus, acabou significando 'fim da linha' para Abel Braga em São Januário, saída que precisaria vir acompanhada de uma reposição certeira por parte do departamento de futebol do clube.
A decisão de promover o então auxiliar, Ramon Menezes, para o posto de treinador do time, gerou certa estranheza entre torcedores e opinião pública. Naquele momento, a escolha por um 'novato' de área técnica despontava como um movimento arriscado, tendo em vista a pressão que significa comandar o Vasco em 2020: um gigante maltratado, adormecido, de bastidores turbulentos e enormes dificuldades financeiras. Ramon aceitou a responsabilidade e, com domínio total dos vestiários e amplo conhecimento sobre o elenco que tem em mãos, vem conseguindo trazer uma paz há muito não vista em São Januário.
Sem receber novos reforços além dos que já haviam chegado no início do ano, Ramon supriu as perdas de Guarín e Marrony com a recuperação de atletas que já estavam no Cruzmaltino, mas em baixa, sendo o volante Fellipe Bastos o principal expoente desse movimento. Essa 'gestão humana' - onde todos são importantes e ninguém está descartado ou fora dos planos -, desponta como uma marca do trabalho do jovem treinador. Isso faz com que seus jogadores 'comprem' ainda mais as suas ideias dentro das quatro linhas.
Mas além de um ambiente positivo, o Vasco também precisava de novas ideias. Felizmente para o torcedor cruzmaltino, Ramon sabia disso: construiu uma equipe solidária, coletiva e disciplinada taticamente, que raramente se desorganiza e que cuida melhor da bola. A consequência disso são os sete jogos de invencibilidade com 13 gols anotados e apenas três sofridos, produção amplamente superior em comparação aos meses pré-pausa. Em material humano, o Vasco sabe que tem o 'cobertor curto', mas pode ir longe mantendo essa postura e consciência.