Em constante reinvenção, Abel Ferreira merece ser considerado para a seleção brasileira
Por Lucas Humberto
Às vésperas da Copa do Mundo de 2022, um dos principais assuntos é quem irá assumir a seleção brasileira a partir de 2023. A ansiedade é tamanha que quase toda semana surge um novo nome no radar da Canarinho. Não oficialmente, claro. Desta vez, uma declaração de Ednaldo Rodrigue, presidente da CBF, deu esperanças para parte da torcida que deseja ver Abel Ferreira na área técnica do time nacional.
"Não temos preconceito com nacionalidade alguma, pode ser estrangeiro ou brasileiro, desde que apresente competência", pontuou. "O futebol brasileiro tem um manancial extenso de grandes treinadores. Seria injusto citar só esses três [Dorival Júnior, Abel Ferreira e Fernando Diniz]. Não quero esquecer nenhum. Valido os nomes que você coloca, mas teria que citar outros dez nomes também", completou.
Irreverente, polêmico e vencedor, Abel Ferreira não cansa de se reinventar. Sem o lesionado Raphael Veiga, o luso mandou a campo Mayke improvisado de meia-direita em plena reta final de Brasileirão. E advinha só: funcionou - e muito bem. Chamado de retranqueiro, o comandante conduz hoje o melhor ataque da Série A: são 52 gols anotados em 30 rodadas. Mas Abel não é imune aos erros - e quem é, certo?
A falta de comedimento por vezes é o calcanhar de Aquiles do português. É, aliás, no mínimo irônico que a intensidade de Ferreira seja simultaneamente força e fraqueza. Mas esse é Abel: singular no que se propõe, seja enfurecer rivais ou conduzir um dos melhores trabalhos do futebol brasileiro no século XXI. Figuras como Abel Ferreira não surgem muitas vezes na história. E é bom que a CBF tenha isso em mente quando enfim apontar o substituto de Tite.