Em dia histórico, Seleção Feminina dos EUA vence disputa em prol da igualdade salarial
Por Lucas Humberto
Dia histórico! Nesta terça-feira (22), a Federação Americana de Futebol (US Soccer) anunciou que as jogadoras da seleção feminina do país irão receber a mesma quantia dos atletas do time nacional masculino. A decisão foi tomada após acordo entre as partes. Além disso, de acordo com informações do The New York Times, o acerto também prevê o pagamento de US$ 24 milhões a um grupo de dezenas de esportistas como forma de compensação pelas décadas de desigualdade.
"A U.S. Soccer se comprometeu a oferecer a mesma remuneração às seleções masculina e feminina em todos os amistosos e torneios oficiais, incluindo a Copa do Mundo, a partir de agora"
- US Soccer através de comunicado
Ainda nos idos de 2019, o sindicato das jogadoras da seleção estadunidense entrou com uma ação por discriminação de gênero contra a federação local. À época, Megan Rapinoe, uma das principais vozes do futebol no mundo, acusou a US Soccer de "recusar obstinadamente" a pagar suas atletas de forma justa. O acordo, aliás, é parte da resolução do processo. Tetracampeão da Copa do Mundo, o time nacional feminino dos Estados Unidos é um dos mais vitoriosos da história.
Ainda de acordo com a publicação do The New York Times, a aplicação dos termos do novo acordo está sujeita à ratificação de um trato coletivo entre as jogadoras da seleção nacional e a federação. "Obviamente, você não pode voltar e desfazer as injustiças que enfrentamos, mas a única justiça que vem disso é que sabemos que isso nunca pode acontecer novamente", celebrou Rapinoe em entrevista concedida à emissora ABC.
"Não vejo isso apenas como uma vitória para nossa equipe ou para o esporte feminino, mas para todas as mulheres em geral"
- Alex Morgan sobre a equidade salarial
Vale lembrar ainda que os imbróglios entre as atletas da seleção e a federação iniciaram em 2016, quando cinco jogadoras apresentaram queixas formais às autoridades locais acusando a US Soccer de discriminação salarial contra mulheres. O grupo formado por Carli Lloyd, Becky Sauerbrunn, Hope Solo, Rapinoe e Morgan levou o caso à Comissão de Oportunidades de Trabalho Equalitárias, uma agência federal responsável por garantir o cumprimento de leis trabalhistas.
Diante da ausência de ação por parte da federação, as atletas optaram por processar a entidade em 2019. À época, 28 jogadoras acusaram a US Soccer de "discriminação de gênero institucionalizada". Agora, após seis anos de labuta burocrática e múltiplas alegações, as mulheres da seleção estadunidense conquistaram uma das vitórias mais importantes da modalidade. Tão acostumadas a vencer dentro das quatro linhas, hoje elas comemoram fora delas.