Estreia do Brasil na Copa do Mundo feminina: por que grupo é "diferente" e as expectativas para o Mundial
- A Seleção Brasileira estreia no Mundial nesta segunda (24), às 8h (de Brasília), contra o Panamá
- Técnica Pia Sundhage e capitã Tamires falaram na coletiva antes do jogo
Existe uma sensação compartilhada por jogadoras, comissão técnica e delegação brasileira na Copa do Mundo: a de união. Segundo a técnica Pia Sundhage, a palavra-chave do grupo é "juntas" -- e esse foi o tema e o tom da última coletiva de imprensa antes da estreia do Brasil no Mundial da Austrália e Nova Zelândia, contra o Panamá, nesta segunda-feira (24), às 8h (de Brasília), em Adelaide.
A unidade é o que torna essa Seleção Brasileira, que busca o título inédito, diferente de todas as outras: "a personalidade de cada atleta, junto com uma humildade muito grande de saber confiar no que está sendo passado, querer fazer tudo o que está sendo passado, perguntar e procurar aprender, errar e ter a consciência de que isso é aprendizado para os próximos desafios", explicou a lateral-esquerda e capitã Tamires.
"O que me empolga com essa Seleção é essa simplicidade de saber e entender a responsabilidade de forma muito agradável. Ninguém quer ser melhor do que ninguém, todas sabem que estar aqui é por um objetivo coletivo e que somente juntas vão conseguir superar dificuldades e barreiras."
- Tamires, lateral e capitã do Brasil
Com 11 estreantes em Mundiais entre as 23 convocadas, o time equilibra muito bem juventude e experiência, mas não se engane: o frio na barriga de um jogo de Copa do Mundo atinge igualmente a todas. O que muda é a forma de encarar a estreia. "Nervosismo, tem, independente de quantas Copas já jogaram, todas sentem o nervosismo. Já vivenciamos, sabemos o que não podemos deixar para trás. Ser vulnerável, ter medo, é normal e faz parte do jogo. Vamos nos ajudar. O que não pode é ter preciosismo, uma querer ser melhor que a outra, o ego falar mais alto. Estamos juntas o tempo todo, dentro e fora de campo. Copa do Mundo se joga e se vence em equipe", disse Tamires, que está em seu terceiro Mundial.
E falando em terceiro, Pia Sundhage também dirige sua terceira seleção diferente numa Copa do Mundo. Técnica dos Estados Unidos entre 2007 e 2012, da Suécia entre 2012 e 2017 e no Brasil desde 2019, a experiente treinadora trouxe uma reflexão sobre o significado de vencer o Mundial para o país que é uma potência reconhecida no futebol mundial.
"Cada jogo importa. Quando você está jogando uma Copa do Mundo, todos os olhos estão voltados pra você. Isso é um começo para a Seleção Brasileira feminina e também para o futebol feminino. Por que você quer ganhar? Porque, quando você vence, as pessoas escutam o vencedor. Isso significa que teremos uma voz se vencermos. Mas o que é ganhar? Dá pra descrever de maneiras diferentes. Mas a situação é única nesse ano, porque são muitos jogos, muitos times e os jogos estão muito equilibrados. Não dá para garantir nada, a competição está fantástica", disse a treinadora.
Com uma sequência animadora nos últimos testes antes do Mundial (empate por 1 a 1 no tempo normal e derrota nos pênaltis na Finalíssima, contra a Inglaterra; vitória por 2 a 1 sobre a Alemanha e vitória por 4 a 0 sobre o Chile), Pia exaltou a confiança que o grupo ganhou -- ingrediente importante na hora de disputar uma Copa do Mundo.
"A coisa mais importante é não tomar nada como garantido e curtir o jogo. Se fizermos isso, temos uma grande chance de vencer amanhã e vencer muitos jogos. Um bom ataque e uma defesa sólida vão nos levar longe, podem nos levar até a final."
- Pia Sundhage, técnica do Brasil
O time do Brasil que deve estrear na Copa do Mundo amanhã, contra o Panamá, tem: Lelê, Antônia, Rafaelle, Kathellen e Tamires; Luana, Ary Borges, Kerolin e Adriana; Debinha e Bia Zaneratto.
Outros destaques
Situação de Marta
"Marta está 100% em relação à forma física. Quantos minutos ela terá em campo, depende do jogo. O treino de ontem foi muito bom. Nós nos fazemos essa pergunta também: devemos exigir muito dela nos treinos? Os treinadores de alta performance têm feito um excelente trabalho. Ela está pronta."
Quem será a companheira de Debinha no ataque?
"Nós não escolhemos as duas melhores atacantes, mas sim as duas que melhor se conectam. Uma qualidade que todas têm é a finalização. Acho que é importante aproveitar as chances dentro da área, ter o desejo de fazer gols, chutar para o gol. Ainda não definidos, vamos ver amanhã."
E as adversárias?
A seleção do Panamá, estreante em Copas do Mundo e comandada pelo mais jovem técnico do Mundial, Ignácio Quintana, promete não se intimidar com o favoritismo do Brasil e manter sua principal característica -- segundo o próprio treinador, a alegria. "A característica mais perigosa de minha equipe é a alegria. São pessoas responsáveis e trabalhadoras, com alegria de jogar", disse em coletiva de imprensa. "A Seleção Brasileira é repleta de referências, como Marta, Debinha, Geyse. Que oportunidade pode ser melhor do que enfrentar suas referências?", finalizou Quintana.