Ex-zagueiro do Palmeiras explica como virou meme nas redes sociais e a origem do apelido inspirado em novela
Por Fabio Utz
O zagueiro Victor Ramos, atualmente no Botafogo-SP, já rodou o mundo. Iniciou carreira no Vitória e, aos 31 anos, acumula passagens por clubes grandes do futebol brasileiro, como Vasco da Gama e Palmeiras. Também jogou por equipes como Guarani, Chapecoense e CRB, isso sem contar as andanças pelo exterior - Bélgica, China, México. Em entrevista exclusiva ao 90min, feita em parceria com a Federação Paulista de Futebol (FPF), o atleta relembra alguns dos principais momentos da carreira, fala sobre como foi defender times de porte gigantesco e alguns fatos marcantes, como ter se tornado o primeiro atleta do Verdão a marcar gol na Arena do Corinthians, a origem do apelido "Tufão" (inspirado em um personagem da novela Avenida Brasil) e, claro, o famoso caso Victor Ramos.
O PAULISTÃO PARADO...LIDANDO COM ESSA 'LOUCURADA'
Eu estou em casa, em Ribeirão, estou em casa. A gente está treinando, infelizmente por causa dessa pandemia parou tudo, está uma complicação. Queira ou não queira, tem que respeitar as ordens de cima, tem que seguir as normas. Eu estava vendo aqui, uma tristeza, tem muita gente morrendo. É complicado, a vida não está sendo fácil. E aí tem que seguir todas as normas, do governo, da federação, para daí, no momento certo, a gente voltar tudo ao normal.
O VASCO NA VIDA DE VICTOR RAMOS E O FATO DE NÃO TER DADO CERTO
Eu não fui tão feliz. Eu era muito novo, eu era muito novo. Infelizmente eu não tinha essa bagagem que eu tenho hoje, essa experiência, tanto dentro como fora de campo. Aconteceram algumas coisas que infelizmente não deu uma sequência legal no Vasco. Por eu ser novo demais, vim da Bélgica...eu tinha uma namorada de dois anos, cheguei e fiquei solteiro no Rio, tive uma briga...foi mais extracampo mesmo. Coisas mais pessoais, que infelizmente interferiram dentro do campo. Sempre interfere. A vida pessoal, se você não tiver uma vida equilibrada, uma vida bem sólida, ela interfere dentro de campo, não tem como. E aí interferiu, não esperava, fiquei meio triste, mas depois amadureci muito.
O PEDIDO PARA DEIXAR O VITÓRIA, CLUBE DE FORMAÇÃO, EM SUA QUARTA PASSAGEM
O presidente anterior a esse (o atual é Paulo Carneiro), o ex-presidente, já não tinha um carinho, uma proximidade comigo e aí ficou naquela 'vai, não vai' meio forçado. Ele terminou me contratando (...) Mas eu fico muito chateado, muito irritado, quando você vai treinar todo dia, se esforça, e o clube às vezes não abre o jogo para você, entendeu? Todo trabalhador, independente do futebol ou não, cada um nos seus setores, quer receber seu dinheiro. Todo mundo tem conta, a conta não espera. Aí eu fiquei muito chateado com algumas coisas. Atrasou...enfim...aí o presidente atual, que não tem nada a ver com a situação, o Paulo Carneiro, ganhou a eleição e falou 'fique no Vitória, as coisas vão mudar'. Não é culpa dele, nenhuma culpa dele. Isso foram coisas de outros presidentes. Ele ainda tentou renovar meu contrato e aumentar meu salário. Eu falei 'presidente, se não está pagando o contrato que eu tenho, como é que vai aumentar? Não está pagando nem o que eu assinei, não está cumprindo com a obrigação. Eu quero muito ficar, presidente, não faço questão de sair do Vitória'. Eu fui muito claro com ele, com a torcida, não teve nenhum tipo de problema com ninguém. O Paulo Carneiro me viu pequeno, por sinal, me viu quando eu era muito novo. Entrei com 12 anos no Vitória. Então, não foi briga, não foi nada. Foi apenas que não pagou. Eu conversei com ele, ainda fiz alguns jogos, pelo carinho que tenho muito grande pelo Vitória e a gente fez um acordo "depois de tantos jogos, eu vou embora". Aí foi isso, eu rescindi o contrato.
NA HISTÓRIA DO PALMEIRAS...
Foi muito importante esse gol no Corinthians. Eu nem sabia, eu fiquei sabendo há pouco tempo atrás esse detalhe, que meu gol foi o primeiro (de um palmeirense) na Arena do Corinthians, na Neo Química. Eu não sabia. (...) Isso aí só me motiva mais e mais, me enche de orgulho e carinho pelo Palmeiras, porque eu saí do México (jogava no Monterrey antes de defender o Verdão) com o coração partido. Mas eu saí por uma boa causa, não saí por uma coisa que não valeu a pena. Valeu a pena a minha saída.
E O FATO DE TER VIRADO MEME ENTRE OS TORCEDORES DO VERDÃO?
Todo jogo! Como pode isso? Os amigos meus me mandam mensagem, mandam direct ou me ligam: ‘Oh Victor, eu não estou entendendo irmão, como é essa situação desse meme aí?’. Eu falo: ‘Rapaz, é um vídeo da sorte que pegaram meu e criou uma história, que é um vídeo da sorte’. Criou uma coisa bem legal, que todo jogo os caras postam, todos os jogos eles postam e me marcam, e aí querem que eu reposte. Que loucura, né, futebol tem dessas doideiras. Muito legal, muito legal essa história do vídeo aí.
VIROU NOME DE CASO. COMO ASSIM?
Eu fiquei tranquilo. Graças a Deus isso não me prejudicou em nada. Meu nome ficou aí, pra lá e pra cá, mas meu foco sempre foi jogar bola né. Esse extracampo eu sempre deixei nas mãos dos advogados, o que menos teve culpa foi eu. Mas o importante é que foi resolvido da melhor maneira. Foi bem esclarecido. Meu nome é doce, eu costumo dizer assim. Tá sempre envolvido em alguma coisa, pro lado ruim ou pro lado bom. Mas já passou.
VAI ENCERRAR A CARREIRA...
No Vitória, no Vitória. Eu recebo muitas mensagens, muitas mensagens pelo Instagram. Quando eu posto alguma coisa, o Vitória tem o maior carinho comigo, eu tenho o maior respeito. Tenho uma história no Vitória, uma história muito mais positiva do que negativa, uma história muito bonita. Eu tenho um carinho e um respeito por todos, pelo torcedor, direção, enfim, eu quero encerrar a carreira no Vitória sim.
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Entendendo o "Caso Victor Ramos" - o jogador, que tinha os direitos econômicos vinculados ao Monterrey, do México, e estava atuando pelo Palmeiras, foi repassado ao Vitória em 2016. Porém, essa transferência não passou pelo seu "dono", sendo tratada como nacional quando, na verdade, deveria se ter o atestado liberatório do exterior. Com isso, o Inter, rebaixado naquele ano, tentou fazer com que o time baiano perdesse pontos de quando escalou o zagueiro e, assim, fosse ele a cair. O caso chegou à Corte Arbitral do Esporte, sem sucesso para s colorados.