Fair Play Financeiro: como funcionam as regras da UEFA

Etihad Stadium, casa do Manchester City, antes de partida válida pela Premier League
Etihad Stadium, casa do Manchester City, antes de partida válida pela Premier League / Richard Sellers/GettyImages
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A importância do dinheiro no futebol atualmente não pode ser ignorada ou deixada de lado em qualquer discussão. Nunca antes o apetite capitalista ameaçou tanto comprometer as bases humildes do jogo como tem feito nos últimos anos.

Seja a proposta da Superliga Europeia, seja os gastos absurdos da elite europeia (principalmente na Premier League) no mercado da bola, os sinais são sombrios no que diz respeito à sustentabilidade e competitividade do esporte mais adorado do mundo.

Em uma tentativa de combater e controlar um pouco o poder financeiro dos clubes mais ricos do mundo, as leis do Fair Play Financeiro (FPF) foram introduzidas pela UEFA na última década. Essas regras foram criadas e implementadas para controlar a sustentabilidade do negócio e evitar o doping financeiro.

Mas o que exatamente são essas regras e como elas estão sendo violadas pelos maiores clubes da Europa?


Quando surgiu o Fair Play Financeiro?

O conceito do Fair Play Financeiro foi criado pela UEFA em 2009 e implementado no início da temporada 2011/12 do futebol europeu. 

A premissa básica do FPF era assegurar que os clubes não gastariam mais do que ganhavam e, desta maneira, prevenir e protegê-los de problemas financeiros que poderiam ameaçar sua existência. 

Em 2009, a UEFA descobriu que mais da metade de 665 clubes europeus sofreram com perdas financeiras no ano anterior, e pelo menos 20% dos times analisados estavam, de fato, sob algum tipo de ameaça financeira. Isso fez com que a organização tomasse atitudes.

As regras criadas também buscam impedir os clubes de gastarem mais do que podem ao longo das temporadas, dentro de uma estrutura orçamentária definida.


As regras do Fair Play Financeiro da UEFA

As regras do Fair Play Financeiro da UEFA mudaram ao longo dos anos, com o último ajuste sendo feito no meio do ano passado, após a pandemia de Covid-19.

As novas regras da UEFA permitem que os clubes sofram perdas de 60 milhões de euros (R$ ) ao longo de três anos, em comparação com o limite anterior de 30 milhões de euros (R$ ). Também foi introduzido um limite de gastos com salários, transferências e taxas de empresários de 70% da receita total de um clube até 2025/2026. Além disso, os clubes também são obrigados a liquidar as dívidas vencidas em prazos especificados.

Há também novas sanções em vigor, caso os clubes não cumpram com algum dos regulamentos definidos pela UEFA.

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As regras de Fair Play Financeiro da Premier League

É na Premier League que está o cerne dos problemas, onde os principais gastos da Europa tem ocorrido ultimamente. A Premier League se tornou um paraíso financeiro, e Todd Boehly aparentemente zombou do Fair Play desde que se tornou proprietário do Chelsea, em 2022.

No entanto, a Liga Inglesa tem suas próprias leis sobre finanças, contabilidade e boa governança do clube. Estes regulamentos estão disponíveis para visualização no Manual da Premier League.

A liga tem diversas regras financeiras em vigor, incluindo exigências para que os clubes paguem taxas de transferência, salários e impostos em dia. Os times também devem apresentar suas contas anualmente e divulgar os pagamentos feitos aos empresários.


Quais clubes violaram as regras do Fair Play Financeiro desde que elas foram criadas?

O Manchester City é o clube mais recente a violar as leis do FPF. Os Citizens cometeram mais de 100 violações das regras da Premier League, de acordo com uma investigação conduzida pelo órgão regulador que durou quatro anos.

Também não é a primeira vez que o City se comporta dessa maneira. Em 2014, tanto o clube de Manchester como o Paris Saint-Germain foram acusados ​​de quebrar as regras do Fair Play Financeiro da UEFA. Os dois clubes estavam entre os vários que violaram a regra do "equilíbrio" da UEFA (essencialmente gastando mais do que suas receitas) e posteriormente foram multados em 60 milhões de euros (40 milhões de euros suspensos).

O PSG teve seu elenco reduzido para 21 jogadores em competições da UEFA – como a Champions League –, recebeu restrições de gastos com transferências e restrições salariais por dois anos. O City, por sua vez, também teve o tamanho do elenco reduzido e sofreu limitações de transferência semelhantes.

Em 2022, oito clubes, incluindo PSG, Inter, AC Milan, Juventus e Roma, foram multados por não cumprirem o requisito de "equilíbrio" estipulado pela UEFA.