Opinião: falhas na organização da Copa América expõem absurda diferença em relação à Euro

A realização das finais da Copa América e da Eurocopa no último domingo (14) expôs uma diferença considerável na organização das duas competições continentais. No Estádio Olímpico de Berlim, a seleção da Espanha conquistou o tetracampeonato diante da Inglaterra em uma decisão sem ocorrências, mas a finalíssima no torneio sul-americano, nos Estados Unidos, ficou marcada por diversos problemas graves.

O problema central se deu pela falta do estabelecimento de um perímetro de segurança para todos os envolvidos na partida (torcedores e credenciados), causando uma aglomeração desnecessária nas entradas do Hard Rock Stadium. Restando mais de três horas para o início da partida, imagens já mostravam a situação caótica e a invasão de torcedores sem ingresso, que conseguiram passar pelas roletas de entrada do estádio.

Esse problema ocasionou o fechamento de todos os acessos ao estádio por mais de uma hora e, inevitavelmente, resultou nos atrasos para o início da partida, que começou com 1h22 de atraso em relação ao horário planejado originalmente (21h, pelo horário de Brasília). Diante do ocorrido, tudo indica que as autoridades de segurança só liberaram o pontapé inicial da decisão com a saída dos torcedores que entraram no local sem o ingresso.

Em meio ao fracasso da Conmebol em conseguir controlar a realização de seu evento, o bom senso pedia pelo adiamento da partida. Contudo, compromissos comerciais envolvendo patrocinadores, emissoras de televisão pelo mundo e o show do intervalo da cantora Shakira certamente impediram qualquer possibilidade da entidade sul-americana em optar pelo bom senso.

Não existem informações concretas sobre a mudança de postura que levou à liberação total dos portões de entrada para torcedores com ou sem ingressos nos minutos que antecederam o início da decisão, mas tudo indica que a Conmebol estava prestes a assumir total responsabilidade pelas falhas de segurança envolvendo o controle da entrada de torcedores.

Copa América 2024 ficou marcada por falhas de organização e confusões

Cabe relembrar que a Conmebol acumulou uma série de problemas envolvendo a realização da Copa América 2024. O incidente mais grave havia ocorrido após a disputa da semifinal entre Colômbia e Uruguai, quando familiares de jogadores uruguaios foram provocados e agredidos por torcedores colombianos, causando uma enorme batalha nas arquibancadas.

Outro problema considerável consistiu na realização de partidas com o campo reduzido em relação à métrica padrão do futebol mundial (105x68m), o que prejudicou a qualidade do espetáculo em um torneio que ficará marcado por jogos pouco emocionantes e sem grandes chances de gol. Em entrevista coletiva histórica, o técnico da seleção do Uruguai, Marcelo Bielsa, expôs que os campos de treinamento estavam com uma qualidade "inaceitável". Esse problema culminou até no cancelamento de um treino da seleção da Bolívia pelo risco de lesão de seus jogadores.

A qualidade da equipe de arbitragem como um todo também levantou questionamentos em relação à Copa América, por conta de decisões controversas. As mais emblemáticas consistiram nas linhas traçadas pelo VAR no gol anulado de Dávinson Sánchez por impedimento e no pênalti não marcado em cima de Vinícius Júnior no empate entre Brasil e Colômbia. No entanto, o lance mais marcante foi a cotovelada de Bombito contra Echeverría em Canadá x Chile, um lance totalmente ignorado pela equipe da arbitragem de vídeo.

Euro 2024 foi um sucesso de organização apesar de pequenos contratempos

A Europa não está imune a erros de arbitragem em seus jogos e principalmente na questão de segurança, pois as finais da Euro 2020 (disputada em 2021) na Inglaterra e da UEFA Champions League 2022/23 na França foram marcadas por invasão de torcidas, problemas no reconhecimento de ingressos e longas filas. Além disso, a Euro 2024 conviveu com invasões recorrentes de torcedores nos gramados em diversas partidas e muita demora no transporte público nos jogos disputados em Gelsenkirchen.

No entanto, o balanço final da Euro 2024 é extremamente positivo em comparação com a Copa América, considerando a qualidade dos gramados, o nível técnico das partidas, a "envelopagem" dos estádios, a geração de imagens para as emissoras de TV e principalmente o tratamento dado pela UEFA aos jogadores e torcedores, algo extremamente diferente do ocorrido na Copa América por parte da Conmebol, principal responsável pela "desorganização" durante o torneio.

Como fica a situação dos Estados Unidos após a Copa América?

Por fim, todos os problemas vistos nas semifinais e final da Copa América também ligam um sinal de alerta para os Estados Unidos, principalmente após um final de semana marcado pela tentativa de atentado contra um candidato a presidente.

Os EUA possuem bom histórico de organização em grandes eventos como finais de NBA, US Open, Masters 1000 da ATP (tênis) e Super Bowl. No entanto, o país que receberá o novo Mundial de Clubes em 2025 e a Copa do Mundo de 2026 mostrou que está longe dos 100% em relação à preparação para os grandes eventos de futebol.

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