Famoso quem? A carreira de Carragher, ex-zagueiro que ousou questionar os mais de 1.000 gols de Pelé
Por Fabio Utz
"Pelé tem um pouco de mito. Não acredito em seus mil gols. Isso não parece legal, não é?"
- Jamie Carragher
Sim, o ex-zagueiro e ídolo do Liverpool colocou em dúvida o feito do maior jogador de futebol de todos os tempos. Em participação no programa inglês 'Monday Night Football' — ao lado do também ex-jogador Gary Neville, que fez história no Manchester United —, ele questionou os feitos do Rei. Talvez por birra, talvez por ciúmes, talvez por desconhecimento, talvez por desdém aos sul-americanos.
Daí vem a pergunta: Carragher é o 'famoso quem'?
A ideia aqui não é comparar as trajetórias de Pelé e Jamie Carragher - até porque, se fosse esse o objetivo, você provavelmente pararia de ler este artigo agora mesmo. Mas, naturalmente, vamos pontuar algumas singelas diferenças que parecem esquecidas por parte do ex-jogador. É impossível apagar a história.
A carreira do inglês, vamos combinar, nem de perto chega aos pés da de Pelé. Ok, não podemos nos rebaixar a seu nível e esquecer de que é ídolo de um dos clubes mais conhecidos do planeta - em Anfield, realizou toda a sua trajetória profissional - e conquistou, por exemplo, a Champions League 2004/2005 - isso sem contar a Copa do Inglaterra (2000/2001 e 2005/2006), a Copa da Liga Inglesa (2000/2001, 2002/2003 e 2011/2012), a Supercopa da Inglaterra (2001 e 2006), a Copa da Uefa (2000/2001) e a Supercopa da Uefa (2001 e 2005). Nenhum título de Premier League, vale dizer.
Só que vai parando por aí. Carragher, titular do Liverpool, perdeu a final do Mundial de Clubes de 2005 para o São Paulo. Pelé, quando chegou à decisão da mesma competição, levantou a taça (em 1962 e 1963, pelo Santos).
E será que vale a pena falar em Copa do Mundo?
Sim, vale muito. Carragher disputou os Mundiais de 2006 e 2010. No primeiro, parou nas quartas de final diante de Portugal. No segundo, não passou das oitavas de final, sendo eliminado pela Alemanha. O "mito" Edson tem três Copas - 1958, 1962 e 1970.
Talvez o fato de Carragher ter disputado 775 jogos na carreira - somando aqueles pelo Liverpool e pela seleção inglesa - e marcado apenas quatro gols o incomode. Mas Pelé não tem nada a ver com isso.
Hoje comentarista, o ex-zagueiro presta um desserviço ao futebol ao questionar desta maneira a história do maior jogador de todos os tempos. Citar Pelé de forma jocosa e rasa em um debate de grande alcance é mais um exemplo do negacionismo que permeia e tanto prejudica a comunicação nos tempos atuais.