Fiel Torcedor: oposição no Corinthians pensa em dobrar receitas do programa de sócio-torcedor; entenda
Por Antonio Mota
Em meio à forte crise financeira, agravada pelo déficit de R$ 177 milhões da temporada passada, e ano eleitoral, o Corinthians chega aos R$ 677 milhões em dívidas – fora o montante dos débitos com a Arena – e vê bastidores em volta das propostas para o pleito do Alvinegro Paulista esquentarem.
De acordo com informações do UOL Esporte, um grupo de estudos composto por participantes do Movimento Corinthians Grande, que deve ter Mario Gobbi como candidato ao pleito corintiano nas próximas eleições, pensa em fazer grandes mudanças no programa de sócio-torcedor do clube: o Fiel Torcedor.
Para a oposição, o programa teve sucesso quanto a encher a Arena Corinthians, mas ficou para trás em relação a outros programas do país. "Ele foi ótimo, mas não podemos em 2020 ter um programa que dê foco máximo a 45 mil espaços no estádio e não aos 30 milhões de torcedores", explicou membro do grupo de estudos ao UOL.
Vale destacar que não há informações de quanto o Timão faturou com seu programa, no entanto, no geral, a categoria representa cerca de 9% da receita das agremiações brasileiras. Segundo especialistas, o Alvinegro deve ter chegado aos R$ 15 milhões com o seu programa em 2019 – a expectativa é dobrar tal quantia em um ano.
Além de pensar em investir em novas formas de engajamento para o Fiel Torcedor, o grupo de estudos também constatou de que é preciso mudar a forma de consumo de seus adeptos, fazendo com que esse público contribua além do pagamento da mensalidade. A ideia é que esse público desfrute de outros produtos do Timão.
Isto é, para os especialistas, transformar o torcedor em ‘fã’: “A diferença entre eles é que o fã é o cara que consome. O torcedor, aquele do IBGE, cada vez serve menos para gerar receita, porque se concentra basicamente nas receitas de mídia de comunicação de massa. E todas as outras receitas de marketing vêm da relação 1 para 1. Depende de convencer aquele cara mandando a propaganda certa na hora certa para cada indivíduo, dependendo do consumo dele no Google, nos aplicativos que ele roda, nos sites que ele vê", explica Bruno Maia, especialista em sportstech, fantasy games e mercado de games, e ex-vice-presidente de marketing do Vasco.
"Saber coletar, organizar, analisar e dar uso aos dados da base é muito importante, mas a forma de fazer isso depende da estratégia de cada clube. O mais básico é usá-los para aumentar permanência no próprio programa e frequência de compra de ingressos e outros produtos. Nem sempre isso é simples nos clubes, pois normalmente esse tipo de informação está em sistemas de parceiros diferentes, que não se conversam. Isso demanda esforço e visão do clube para algo que tem um potencial grande, gera muito conhecimento útil sobre o comportamento do torcedor, mas nem sempre gera grandes resultados financeiros imediatos", acrescenta André Monnerat, chefe de negócios da Feng Brasil, empresa especializada em projetos de engajamento de torcedores e que atua na gestão de alguns dos principais programas de sócio-torcedor do país, como Flamengo, Santos e Vasco, entre outros.
Em relação ao Programa Fiel Torcedor, o Corinthians afirma que 172 mil pessoas já foram cadastradas, mas que, atualmente, apenas 60 mil estão adimplentes. O clube, no entanto, não revelou quanto arrecadou em 2019.
Vale destacar que, conforme documento obtido pelo portal Meu Timão, o Alvinegro Paulista se defendeu de cobrança de R$ 40 milhões do Ministério Público de São Paulo alegando aumento de 37% de inadimplência no Fiel Torcedor.
"O valor do sócio torcedor do Corinthians é um mistério, porque há três anos o clube passou a apresentar o dado junto com premiações e loteria, ao contrário dos outros clubes, que apresentam este dado aberto. E a gente sabe que a soma de sócio torcedor com premiações e loteria seja em torno R$ 20 milhões. Então a gente supõe que o Fiel Torcedor gera uma receita de R$ 15 milhões. Que sejam os R$ 20 milhões. É pouco para o Corinthians. É também estranho o Corinthians não apresentar esse dado publicamente, usar essa prática de apresentar esse dado fechado", completa o consultor de marketing Fernando Ferreira.
Em 2019, conforme a consultoria Sports Value, os três clubes que mais arrecadaram com programa de sócio-torcedor foram: o Grêmio, com R$ 82,7 milhões; o Internacional, com R$ 74,2 milhões, e o Flamengo, com R$ 61,7 milhões.
Já em 2020 e na crise do novo coronavírus, o Atlético-MG também deu um grande exemplo de como se aliar aos torcedores para manter o equilíbrio financeiro, com o concurso ‘Manto da Massa’, que permitia aos 'fãs' desenharem o terceiro uniforme do clube e resultou em mais de 100 mil camisas vendidas e salto de 20 mil para 43 mil sócios-torcedores.
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