Flamengo perde oportunidade de ser exemplo ao deixar Gabigol impune
Por Lucas Humberto
Gabriel Barbosa não foi o primeiro jogador a ter desrespeitado os protocolos do combate à Covid-19 e, infelizmente é preciso reconhecer, dificilmente será o último. Talvez seu caso tenha sido mais emblemático por conta do contexto: o camisa 9 foi flagrado em um cassino ilegal e retirado pela polícia.
A espetacularização do caso se dá por um motivo muito simples: as pessoas esperam que grandes personalidades sirvam de exemplo. Entretanto, algo que acontece muito no meio futebolístico é esperar que jogadores de renome sejam modelos de comportamento, mas rotulá-los como meninos.
Gabriel, no alto dos seus 24 anos, está longe de ser um menino. Enquanto homem, ele precisa assumir seus erros e ser responsabilizados por eles. Gabigol foi diplomático: se despiu da soberba e, embora tenha oferecido uma desculpa de caráter questionável, admitiu estar errado.
O Flamengo, por outro lado, optou deliberadamente por não fazer nada e torcer para que os holofotes da mídia logo iluminassem outra polêmica do meio. É uma estratégia válida e que vai funcionar. Sempre funciona. Alguém se lembrar da famigerada festa de Neymar envolvendo centenas de convidados? O acontecimento foi substituído por outros e, aos poucos, apagado.
O Rubro-Negro não puniu seu camisa 9 na esperança de evitar maiores desdobramentos. Como fugir deles? O circo já está armado em nome da maior torcida do Brasil. Ou os dirigentes acreditam que a imagem de Gabigol não está intrinsecamente colada ao Mais Querido?
A gestão de crises do Flamengo só desconsiderou que uma boa punição serviria de exemplo aos milhões de brasileiros que, assim como Gabigol, não veem a gravidade em uma saída descompromissada enquanto morrem outros milhões. A imagem do habilidoso atacante jamais será de um cidadão comum, assim como seus atos também não são.
Gabigol merecia ter sido responsabilizado enquanto o homem que é. Mas o Flamengo resolveu tratá-lo como menino.