Futebol de 5: conheça a modalidade em que o Brasil é soberano e busca o hexa nas Paralimpíadas de Paris

Se tivéssemos que descrever a Seleção Brasileira de Futebol de 5 em apenas uma palavra, esta seria excelência. Mas se você optasse por "referência", "grandeza", "soberania" ou outro substantivo deste mesmo teor, estaria bem escolhido. A Canarinho é dona de uma das maiores dinastias ativas quando falamos de esporte de alto rendimento ao redor do planeta. Mas será que você conhece a história vitoriosa destes atletas e desta modalidade nobre do universo do paradesporto?

No aquecimento para a estreia do Brasil no Futebol de 5 das Paralimpíadas de Paris, o 90min traz, para você, algumas informações importantes sobre a modalidade e um pouquinho da rica história da Seleção Brasileira nela.

Conheça o Futebol de 5: regras e modelo de disputa

O Futebol de 5 é uma modalidade exclusiva para cegos ou deficientes visuais. As partidas normalmente são disputadas em uma quadra de futsal adaptada, mas desde os Jogos Paralímpicos de Atenas 2004, também têm sido praticadas em campos de grama sintética. Para que a bola não saia de jogo em momento algum, barreiras em formato de placas (bandas) são posicionadas nas linhas laterais da quadra.

Cada time é formado por cinco jogadores – sendo um goleiro e quatro na linha. Ao contrário dos jogadores de linha, o goleiro tem visão total e não pode ter participado de torneios oficiais da Fifa nos últimos cinco anos. Diferentemente de um estádio convencional de futebol, os jogos de futebol de cegos são silenciosos, em locais sem eco. Manifestações de torcedores nas arquibancadas só são permitidas no intervalo da partida ou após a marcação de um gol.

A bola possui um sistema de som interno (guizos), fundamental para a orientação dos jogadores dentro de quadra. Daí a necessidade do silêncio durante o andamento da partida. Através do som emitido pelos guizos, os jogadores podem identificar onde a bola está e de onde ela está vindo.

Os jogadores usam uma venda nos olhos e não podem tocá-la: se o fizerem, cometem uma falta. Com cinco infrações na partida, o atleta é expulso e pode ser substituído por outro jogador. Outro "personagem" importante no Futebol de 5 é o guia (chamador), que fica atrás do gol adversário para orientar os atletas do seu time. Ele diz onde os jogadores devem se posicionar em campo e para qual direção devem chutar. O técnico e o goleiro também auxiliam em quadra.

O jogo é dividido em dois tempos de 15 minutos, com 10 minutos de intervalo. Está é uma regra "nova", visto que, até recentemente, uma partida de futebol de 5 tinha duração de 40 minutos, com dois tempos de 20 minutos. A redução do tempo de jogo gerou controvérsia e foi criticada por alguns dos principais atletas da modalidade.

20 anos de invencibilidade: Brasil, o time a ser batido

Lembra do que falamos sobre "excelência" no parágrafo inicial deste artigo? A Seleção Brasileira de Futebol de 5 construiu e consolidou este status ao longo das últimas duas décadas a partir de muito suor, entrega, determinação e trabalho sério no desenvolvimento da modalidade. É fato que o talento nato que é marca registrada do povo brasileiro quando falamos de futebol ajuda, mas a verdade é uma só: no alto rendimento, qualidade sem sacrifício raramente se transforma em resultado.

Através deste brilhante diálogo entre talento e profissionalismo, o Brasil conseguiu algo que é raro na história do esporte: se transformou no símbolo máximo de uma modalidade. Falar de Futebol de 5 é, necessariamente, falar da Canarinho – são histórias profundamente entrelaçadas, dialéticas, onde já "confundimos" o que é um e outro. A equipe a ser batida, a referência de sucesso, o modelo que todos querem copiar... O patamar mais alto de competitividade e grandeza.

Desde que o Futebol de 5 adentrou o calendário dos Jogos Paralímpicos, em Atenas 2004, não houve um campeão diferente do Brasil. São cinco edições com a modalidade sendo disputada no evento mais valioso do paradesporto, e cinco medalhas de ouro para a Canarinho. Em Paris, o time verde e amarelo busca o hexacampeonato e tentará defender uma invencibilidade histórica: nunca perdeu um jogo sequer em Paralimpíadas, somando 21 vitórias e 6 empates em 27 jogos.

De Joãozinho, artilheiro máximo da Canarinho no primeiro ouro paralímpico em Atenas (2004), ao craque Ricardinho, tetracampeão paralímpico pela Seleção Brasileira e três vezes melhor do mundo na modalidade (2006, 2014 e 2018), passando por Nonato, Jeffinho e tantos outros gigantes, o Futebol de 5 do Brasil nos encanta, nos inspira e nos faz sonhar. Por aqui, estaremos na torcida, para que a cidade-luz seja o palco de uma nova façanha verde e amarela: o hexa tão desejado, na edição que promete ser a mais difícil de todos os tempos na modalidade.

Os jogos do Brasil na fase de grupos do Futebol de 5

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