Futebol feminino: dirigente fala sobre situação financeira do Iranduba durante pandemia: "Caótica"

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FBL-BRAZIL-WOMEN-3B-IRANDUBA / MICHAEL DANTAS/Getty Images
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Em forte crise financeira, devido à paralisação do esporte por conta da pandemia do novo coronavírus, o octacampeão amazonense de futebol feminino Iranduba busca formas de arrecadar dinheiro para se manter até da Série A do Campeonato Brasileiro da categoria, que ainda não tem data marcada para voltar.  

Em entrevista concedida à Agência Brasil, Lauro Tentartini, diretor do clube, comentou sobre o assunto e responsabilizou empresa ‘Vegan Nation’ por situação do time. “Em dezembro de 2018, com a equipe no auge, tendo sido 3ª colocada na Copa Libertadores, fui procurado pelo pessoal da empresa. Na época, eles me falaram que fariam o lançamento de uma moeda virtual: a ‘VeganCoin’”, destacou.

"A ideia era fazer uma campanha de marketing sobre a importância da preservação da Amazônia. Eles estavam fechando também contratos com o Remo, Paysandu, Nacional. E que o Iranduba era o ‘escolhido’ no futebol feminino. O pagamento do acordo seria através dessa moeda virtual”"

acrescentou Tentartini.

Segundo o dirigente, a moeda virtual deveria estar no mercado ‘desde maio do ano passado’ e que, caso eles tivessem cumprido o acordo, eles ‘poderiam trocar por dinheiro’. “Depois, já não conseguimos mais contato com o primeiro interlocutor do contrato. Apareceu outra pessoa, o brasileiro Roberto Rosemberg, dizendo que a negociação a partir daquele momento deveria ser com ele. E o Rosemberg acusou os antigos interlocutores de estarem mentindo sobre o prazo de maio. Ele falou que todos sabiam que a moeda só estaria no mercado neste ano”.

Em seguida, Tentartini alegou que, mesmo após a troca de representantes e de novo prazo estabelecido (30 de março de 2020), a empresa não cumpriu com o contrato. “Naquele mesmo dia, 30 de março, recebemos uma carta da própria Vegan Nation dizendo que, devido aos problemas da Covid-19, eles não poderiam lançar a moeda no mercado. E que não tinham uma nova previsão. E assim, ficamos sem alternativas. A questão é que no próprio aditivo consta uma indenização a ser paga pela Vegan Nation pelo não cumprimento do prazo inicial. Mas tudo isso não foi respeitado”, completou o dirigente.

Andressinha foi um dos grandes investimentos do Iranduba.
Andressinha foi um dos grandes investimentos do Iranduba. / Soccrates Images/Getty Images

No ano passado, com boas expectativas em relação a entrada de caixa, o Iranduba investiu em nomes de pesos, como de Andressinha, da Seleção Brasileira, e da campeão continental Yoreli Rincon. Porém, sem o dinheiro, acabou perdendo parte de suas jogadoras.


“Assinamos o contrato em fevereiro, com a previsão de começar a receber em maio. Avisamos as jogadoras que poderíamos ter alguns problemas nos primeiros meses. Montamos uma equipe bem forte. E queríamos ser campeões. Mas, é claro que, com esses problemas todos, não conseguimos manter o plantel. Sete jogadoras já deixaram o clube. A nossa situação é caótica”, declarou o diretor.

Questionados pela Agência Brasil, Roberto Rosemberg declarou que estava apenas intermediando a negociação entre a Vegan Nation e o Iranduba, mas que ele não era o responsável pelo contrato, enquanto Isaac Thomas, CEO da empresa, disse que eles se esforçaram "para cumprir todas as obrigações do contrato e que não deve mais nada ao clube”.

Do outro lado, Lauro Tentartini não tem a mesma opinião. “Eles argumentam que passaram as criptomoedas. Mas isso é mentira. Passaram apenas a metade. Mas elas também não foram lançadas no mercado, ou seja, elas têm o mesmo valor de um cheque sem fundo”, rebateu.

Por fim, o dirigente falou sobre a campanha de financiamento coletivo criada pelo Iranduba para tentar manter o clube funcionando (salários, alimentação, moradia e treinos). A meta é de R$ 900 mil.


“Até agora só conseguimos R$ 2.175,00. Tem mais um valor aproximadamente de R$ 450 em boletos que estão aguardando compensação. Recebemos também o valor de R$ 120 mil da CBF [ajuda em circunstância da paralisação do futebol brasileiro devido à pandemia de Covid-19]. Eu sabia desde o início que a meta era audaciosa. Mas, assim que fechamos o valor de uma folha mensal, já repassamos as jogadoras. E seguimos em frente”, encerrou Tentartini.


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