Gabi Portilho fala sobre gol que "mudou a vida" e indicação à Bola de Ouro: "Jamais imaginei"
- Atleta do Corinthians, Gabi Portilho é a primeira jogadora do futebol sul-americano indicada
- Atacante revelou que o gol contra a França, nas Olimpíadas, está marcado na sua carreira
Por Izabelle França
Gabi Portilho é um dos destaques do Corinthians, clube que se tornou referência no futebol feminino no Brasil. A atacante, que atua pelas beiradas do campo, teve um papel importante nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, marcando o gol da classificação da Seleção Brasileira para as semifinais contra a França e garantindo a primeira vitória canarinho sobre as rivais.
Ao lado de Tarciane, Portilho está na lista das 30 jogadoras indicadas à Bola de Ouro 2024, premiação da revista France Football, que terá parceria com a Uefa. A honra é ainda mais marcante pelo fato de ser a primeira atleta de um time do futebol sul-americano na lista. Em entrevista exclusiva ao portal ge.globo, a atleta das Brabas não acreditou no que estava acontecendo.
"Eu estava chegando em casa, estava estacionando o carro na garagem, aí o Fernando, que faz o marketing do Corinthians, me mandou uma mensagem. Eu falei "mentira, é fake news". Eu nem sabia que ia sair alguma coisa, estava por fora. Acho que eu fiquei uns dez minutos no carro. Mandei mensagem para minha mãe, meu pai querendo entender o que era, eu falei para ele: "Nem eu sei explicar". Quando eu subi para o meu apartamento, eu só sabia chorar. Eu ajoelhei e chorei muito, porque é um feito que eu jamais imaginei viver, estar numa lista entre as 30 melhores do mundo, isso para mim já é uma vitória muito grande. Eu estou muito feliz, ainda estou tentando entender, mas eu só tenho gratidão a Deus mesmo."
- Gabi Portilho.
Multicampeã pelo Corinthians, a atacante revelou que o gol marcado pela Seleção Brasileira contra a França mudou sua vida, sendo o mais importante de sua carreira, além de ser um dos motivos de integrar a lista de melhores jogadoras do mundo.
"Não foi só o gol que classificou a gente para a semifinal, esse gol tem um contexto, quebrou o tabu de nunca ter ganhado da França. A gente ganhou na casa delas. É o gol mais importante da minha carreira, já que eu não sou uma artilheira, né? Eu faço alguns gols, mas esse foi o gol que mudou a minha vida, que elevou o patamar, inclusive para estar nesta lista (da Bola de Ouro)."
- Gabi Portilho.
Outros trechos da entrevista de Gabi Portilho
Sobre Tarciane, do Houston Dash, estar entre as indicadas para a Bola de Ouro
“Ela é muito nova ainda, e com tudo isso que ela está vivendo, dá para ver até onde ela pode chegar, né? Daqui a alguns anos ela pode inclusive ganhar uma Bola de Ouro, porque ela é uma zagueira diferente. Ela tem muita personalidade. Quando ela jogava aqui, a gente enchia o saco dela, porque é uma menina muito chata, nossa senhora (risos). Mas a gente gosta muito dela. Ela é muito dedicada e gosta de uma briguinha também, né? Ela é uma zagueira diferente, tanto que foi a terceira melhor jogadora do Mundial Sub-20 (em 2022), então isso já mostra a capacidade dela. Ela é merecedora dessa indicação”.
Arthur Elias possui responsabilidade na indicação
“Eu mandei uma mensagem para o Arthur, agradeci também por tudo. Se eu cheguei onde cheguei, tudo o que eu conquistei, eu devo muito a ele e a comissão dele. A gente tem que reconhecer as pessoas que nos ajudam no caminho. O Arthur me tornou a atleta que eu sou hoje. Ele acreditou em mim. Eu agradeci a ele e também parabenizei, porque ele é um treinador muito diferente. Graças a Deus, tive o prazer de poder trabalhar com ele por muitos anos aqui no Corinthians e agora na Seleção. Ele também é merecedor de tudo isso”.
A medalha de prata nas Olimpíadas que vale ouro
“Eu pelo menos tinha a mentalidade de que a gente ia até a final e que seria medalhista. Eu acreditava muito no ouro. Não veio, mas essa prata para mim vale ouro. A gente foi na raça, na luta, independentemente de quem estava iniciando. Arthur sabe muito bem gerir um grupo, em pouco tempo de trabalho ele levou a gente para uma final de Olimpíadas. Eu fico muito feliz de fazer parte dessa história. Lá atrás, as pioneiras abriram as portas para a gente, né? Se não fosse por elas, talvez a gente não estaria aqui hoje. Elas não tinham nada, faziam por amor, então elas são muito vitoriosas e, com certeza, a prata que elas conquistaram lá atrás valeu ouro, acho que até muito maior do que o nosso hoje, porque elas abriram as portas, abriram as oportunidades para que a nova geração viesse e continuasse brigando pela modalidade”.
Elogios à rainha Marta
“A Marta é uma atleta que pensa muito no grupo. Ela comemorou muito a classificação, ela incentivou muito e nos apoiou muito. A Marta é uma atleta diferente, é um exemplo. Ela ficou chateada quando soube que tinha pego dois jogos (de suspensão), mas a gente falou que a carreira dela na seleção não ia terminar dessa forma, a gente queria que ela terminasse dentro de campo, jogando e ajudando como ela sempre fez. E a gente viu a Marta na final, ganhando a medalha de prata e comemorando muito. Aquela frase que ela disse no passado, que a gente tem que chorar no começo para sorrir no final, me marcou muito, e eu fiquei muito feliz de ver a Marta sorrindo, com a medalha que ela conquistou”.
Copa do Mundo no Brasil
“Acho que essa prata de agora ela tem que abrir uma porta muito maior, dar mais visibilidade. Quando eu cheguei ao Brasil (após as Olimpíadas), eu pude entender. Tem uma Copa do Mundo daqui a três anos no Brasil, que ela possa abrir muitas oportunidades, mais investimento, mais apoio, e que a gente busque cada vez mais isso, mostrando que a gente tem capacidade, que o Brasil é muito forte no futebol feminino”.
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