Ídolo na Tailândia, Diogo fala sobre vida na Ásia e recorda passagens por Flamengo e Santos
Por Antonio Mota
Um dos grandes destaques do futebol da Ásia nas últimas temporadas, o atacante Diogo Luis concedeu uma entrevista exclusiva ao 90min e comentou sobre vários assuntos relacionados à trajetória esportiva em seu país natal e também na Tailândia, onde defendeu o Buriram United e hoje atua pelo Pathum United. Aos 34 anos, Diogol falou sobre a vida do outro lado do mundo, da possibilidade de naturalização e ainda recordou os tempos em que atuava no Brasil.
Formado na Portuguesa e com passagens por Flamengo, Santos e Palmeiras, do Brasil, Olympiacos, da Grécia, e Johor Darul Ta’zim, da Malásia, Diogo defende o Pathum United desde o final do ano passado e é uma lenda viva na Tailândia, onde foi eleito o “melhor brasileiro de todos os tempos no futebol do país”.
PROPOSTA E IDA PARA A TAILÂNDIA
Diogo despontou para o mundo da bola e se lançou ao profissional na Portuguesa, de São Paulo. Grande promessa no Canindé, o atacante se destacou, colecionou conquistas individuais, como o de “Craque da Série B do Campeonato Brasileiro de 2007”, e chamou a atenção do futebol internacional. E foi aí que apareceu o Olympiacos, da Grécia, que o contratou em 2008.
Já na Europa, onde também viveu bons momentos e foi multicampeão, Diogo acabou vivendo uma experiência nova em sua vida: empréstimos para Flamengo e Santos. Em seguida, o atacante ficou livre no mercado e retornou à Portuguesa, em 2013. Por fim, antes de rumar para a Ásia, Diogo ainda ficou um ano no Palmeiras.
“Eu estava no Palmeiras, mas, assim, realmente não conhecia o futebol daqui: o tailandês. Não tem como negar. O Palmeiras tava no final do Campeonato [Brasileiro]. A gente tava numa situação complicada, e ali, depois que acabou o campeonato, que eu fui analisar. O que eu tinha, que tinha acabado o meu contrato com o Palmeiras, e o que tinha em vista assim. Não tem como negar que o que pesou na época foi o lado financeiro. E quando eu cheguei aqui, para minha grata surpresa, foi muito bom e eu gostei bastante”, explicou.
ADAPTAÇÃO À TAILÂNDIA E A RELAÇÃO DO POVO TAILANDÊS COM O FUTEBOL
Diogo também comentou com o 90min sobre o processo de adaptação à Tailândia, país que mora há mais de quatro anos. Muito bem habituado ao novo ambiente, o destaque do Pathum United elogiou a receptividade do povo tailandês e recordou da estrutura do seu antigo clube: o Buriram United.
“Isso que me surpreendeu muito. Eu fui muito bem recebido. O tailandês é muito receptivo, um povo maravilhoso e isso me surpreendeu muito. Pelo lado, enfim, pelo lado positivo. O clube também que eu vim [em 2015] tinha muita estrutura, tinha dois Centros de Treinamento, tanto em Bangkok [capital da Tailândia] quanto na cidade de Buri Ram mesmo. E, isso, assim, facilitou muito, cara, facilitou muito na minha adaptação aqui”, disse.
Além da receptividade, Diogol também falou sobre como é a relação do povo tailandês com o futebol – notando que a Tailândia é conhecida pelo Muay Thai. “Eles gostam muito. Até eu comentei isso lá atrás. Logo quando eu cheguei, um pouco depois, eu perguntei. A Tailândia é muito famosa no Muay Thai, e aí eu perguntei qual que era o esporte [do país], né? Hoje, eles falam que é o futebol. Eles falam que o principal esporte no país é futebol”.
Com experiência no Brasil e na Tailândia, o atacante ainda falou sobre as diferenças entre os torcedores brasileiros e os tailandeses. “Eu acho que tem diferença, sim. Tudo para eles é uma festa. É lógico que tem times que a torcida é um pouco mais... Não agressiva, mas, assim, de xingar, esse tipo de coisa. Mas eu acho que é diferente. É diferente. Por exemplo, aqui se você perder o jogo, o torcedor não vai te cobrar na rua, sabe?”, completou.
TOPARIA SE NATURALIZAR PARA DEFENDER A SELEÇÃO DA TAILÂNDIA?
Sem espaço na Seleção Brasileira, mas voando na Ásia, Diogo poderia pensar em se naturalizar para vestir a camisa da Tailândia. Questionado, o atacante de 34 anos revelou que o ‘pessoal’ comenta sobre o assunto, mas que é “impossível”.
“O pessoal comenta, fala, mas assim... não é tão fácil aqui na Tailândia. Não é tão fácil você se naturalizar. Acho que não é tão simples assim para você pegar o passaporte tailandês, então isso é praticamente impossível”, frisou o brasileiro.
DIOGO E O FUTEBOL DO BRASIL – FLAMENGO
Revelado pela Portuguesa, Diogo Luis passou por outros três grandes clubes do Brasil em sua carreira. Em 2010, quando já estava ligado ao Olympiacos, o atacante foi emprestado ao Flamengo e chegou com moral, contando até com a aprovação de Zico. À época, porém, ele não conseguiu entregar o futebol esperado.
“As coisas, não só pra mim, mas pro time em si, não foram tão boas. Teve muita polêmica no ano. Teve a história do Bruno. Eu cheguei depois de uma semana ou duas do ocorrido com o Bruno. O Adriano e o Vagner [Love], que também foram muito bem lá, tinham acabado de sair. Então foi um ano muito complicado pro Flamengo. E, assim, realmente, o Flamengo, dessas equipes que eu passei, com certeza, assim, eu acho que foi o clube ali que eu deixei a desejar. Vamos dizer assim: que podia ter acontecido melhores as coisas. Mas é futebol, isso acaba acontecendo”, recordou o atacante.
O SANTOS E OS TÍTULOS
Após deixar o Flamengo, Diogo não voltou ao Olympiacos em 2011. À época, o atacante foi contratado pelo Santos e conseguiu viver bons momentos, conquistando uma Conmebol Libertadores e um Campeonato Paulista. Ele comentou com o 90min sobre a experiência de ter participado daquele momento do Peixe.
“Foi muito bom, o clube viveu anos ali maravilhosos. O time era muito bom também, muitos jovens surgindo. O Santos realmente foi uma grande, assim, não surpresa, mas eu gostei muito de ter trabalhado lá. Uma pena que eu acabei machucando lá também e, não tive tanta sequência assim como imaginei. Tive uma lesão muito séria, mas, sem dúvida, foi um time que eu gostei bastante de ter jogado”, contou.
AVALIAÇÃO DA PASSAGEM PELO BRASIL E POSSÍVEL RETORNO
Diogo Luis ainda afirmou que o seu melhor momento no futebol do Brasil foi na Portuguesa, onde não sofreu tantas lesões e conseguiu ter uma sequência maior, e também se mostrou feliz por ter participado do ano do centenário do Palmeiras. Em conversa com o 90min, ele avaliou sua trajetória esportiva em seu país natal.
“Eu fico muito feliz. Eu tentei sempre dar o meu melhor, sempre, às vezes as pessoas não acabam agradando muitos, outros sim, né. Isso é normal do futebol. Tive algumas lesões também, mas, assim, o sentimento de gratidão, eu joguei em bons clubes. Times de ponta do Brasil, então não tenho muito a reclamar. Joguei no Santos, fui campeão no Santos, time maravilhoso. Joguei no Flamengo, uma torcida maravilhosa, time grande também. O Palmeiras, eu era palmeirense quando criança, então jogar no Palmeiras, e no ano do centenário, para mim, foi muito especial também. E a Portuguesa, que me abriu as portas para eu ter conquistado tudo que eu conquistei e ter me tornado um jogador de futebol profissional. Então eu sou muito grato a todas essas equipes”, disse.
Por fim, Diogo revelou que recebeu propostas de clubes do Brasil durante sua estada na Ásia e também destacou que, no momento, não pensa em voltar ao seu país. “Hoje, não. Hoje eu não penso. Eu tô muito feliz aqui, muito adaptado também. Minha família também tá muito adaptada. Hoje, eu digo que eu não penso em voltar”, encerrou.
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