Jogo de interesses: Grêmio também precisa ser cobrado por atos de vandalismo ao dar poder a uma torcida
Por Fabio Utz
O Grêmio, com louros e merecimento, está indo para a segunda divisão - aliás, parabéns aos envolvidos! Só que isso em nada justifica o que aconteceu na Arena na tarde deste domingo, quando vândalos travestidos de torcedores invadiram o gramado e destruíram tudo o que viram pela frente - sem contar as confusões em diversos setores das arquibancadas, no estacionamento etc.
Pois o que eu digo sobre isso? Que o próprio clube tem culpa no cartório ao dar espaço para um 'monstro'. Como assim, Fábio? É exatamente o que estou dizendo. A Geral do Grêmio, muito mais que uma torcida (que, quando só torce, é realmente diferenciada), virou um movimento político. Na gestão Romildo Bolzan Júnior, até sala ganhou na ala presidencial da Arena, com alguns de seus integrantes circulando livremente, com crachás do clube, por toda a sua estrutura. E tudo com apenas um objetivo: apaziguar uma relação atritada com os dirigentes.
A Geral, antes mesmo de ter espaço no Conselho Deliberativo do clube, mantinha fortes ligações com Paulo Odone, ex-presidente e um dos maiores opositores de Fábio Koff ('padrinho político' de Romildo no clube), e não podia ver Duda Kroeff (atual integrante do Conselho de Administração) pela frente. Mas, obviamente, tudo tem seu preço. E o movimento cedeu no momento em que conquistou o que queria, no caso, poder.
Seus integrantes podem tudo, tanto que a direção do Grêmio sequer repudiou os atos de forma oficial, como fez por exemplo na tentativa de invasão ao CT, há poucos dias, e que culminou em uma branda e pouco efetiva punição - afinal, tudo é negociável quando o assunto é evitar críticas a Bolzan. É importante que todos parem para pensar nisso. Não estou aqui pregando a extinção da Geral. Quero, sim, que criminosos paguem por seus atos. Mas como colocar em prática tudo isso se estamos falando de um jogo de interesses? Aí, realmente, eu não sei...
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