Julia Bianchi, a jogadora do Palmeiras que representa o rejuvenescido futebol feminino
Por Lucas Humberto
Marcado pelo brilhantismo das jogadores históricas, o futebol feminino começa aos poucos seu belíssimo processo de rejuvenescimento. Nas próprias palavras da Rainha: "não vai ter uma Marta para sempre, não vai ter uma Formiga para sempre, não vai ter uma Cristiane para sempre". Diante de uma modalidade que clama por novos rostos, nomes como de Julia Bianchi são um alento aos amantes do esporte.
Melhor volante do Brasileirão Feminino de 2020, quando ainda defendia as cores do Avaí/Kindermann, a jogadora está disputando sua segunda final consecutiva do principal torneio nacional do país, desta vez atuando pelo Palmeiras. Antes de desembarcar na capital paulista, Bianchi percorreu um caminho de muita paixão ao futebol.
Bianchi e Avaí/Kindermann: uma história que se confunde
Catarinense de Xanxerê, Julia Bianchi aproveitou toda a tradição do projeto Avaí/Kindermann para começar sua caminhada na modalidade bem cedo. De lá, foi transferida rumo ao Centro Olímpico e Ferroviária, antes de retornar ao time de Santa Catarina na temporada 2016/17. Emprestada ao Madrid CFF na mesma campanha, a volante teve experiências transformadoras no Velho Continente.
Foram duas temporadas no gigante espanhol, 17 jogos disputados e até titularidade garantida diante do lendário Barcelona. De volta às terras tupiniquins, Bianchi novamente viu sua história se cruzar com a do Avaí.
Mais uma vez respirando a tradição do time, a volante se destacou como nunca: dona da faixa central da memorável equipe do Rio Grande do Sul, ela conduziu o clube à final do Brasileirão 2020, tendo sido eleita Craque da Partida nos dois confrontos da semi, contra o São Paulo.
Na grande decisão, Bianchi e suas companheiras não conseguiram conter o ímpeto do Corinthians: depois de empate sem gols na ida, a volta terminou em 4 a 2 favorável ao plantel de Arthur Elias. Novamente, o caminho da atleta está alinhado ao do Timão.
Consagração nacional e segunda final consecutiva do Brasileirão
Espectadores de longa data sabem que o futebol aprecia roteiros cinematográficos. A trajetória de Julia Bianchi na Seleção Brasileira pode ser definida assim. Nos idos de 2016, a atleta de 18 anos à época assistiu ao duelo entre Brasil e Canadá, disputa do bronze olímpico, das arquibancadas da Neo Química Arena. Quem diria que cinco anos mais tarde ela estaria nos gramados de Tóquio inspirando milhares de outras jovens...
"Eu fui ao estádio assistir à disputa de terceiro e quarto (lugares) e foi muito especial estar ali na torcida. O clima, o ambiente, tudo. Depois disso eu tive uma passagem na Europa, em 2017, que me ajudou bastante como jogadora, principalmente na questão tática. Essa passagem me fez amadurecer e aprender bastante em todos os sentidos. O sonho de todo atleta é participar de uma Copa do Mundo e de uma Olimpíada"
- Bianchi ao Olimpíada Todo Dia
Tendo sido figura frequente nas convocações de Pia Sundhage, a volante marcou presença nos Jogos Olímpicos de Tóquio aos 23 anos. Infelizmente, o time nacional brasileiro encerrou a campanha caindo melancolicamente nas quartas de fina ante o Canadá, que mais tarde seria coroado vencedor da modalidade. Independente do resultado, a jogadora deu um passo importante rumo à consagração.
Atualmente defendendo as cores do Palmeiras, Julia está se preparando para a volta da grande decisão do Brasileirão Feminino 2021, a segunda final consecutiva da carreira da defensora em âmbito doméstico. E como nós provamos acima: histórias dignas de longa-metragem e coincidências memoráveis são marca registrada da vida de Julia.
Derrotadas por 1 a 0 na ida, as Palestrinas terão mais 90 minutos regulamentares para reverter o placar contra o Corinthians, na Neo Química Arena. A partida acontece às 21h de Brasília. Iremos testemunhar uma narrativa de superação ou estaremos diante daquelas infelizes eventualidades? Logo vamos descobrir...