Kaká: o 'superestimado' herói nacional que foi protagonista por onde passou
Por Lucas Humberto
Há anos o nome de Kaká não aparecia tanto na mídia como agora. A última vez talvez tenha sido em sua despedida dos gramados. Recentemente, a jornalista Milly Lacombe colocou novamente os holofotes no último brasileiro dono da Bola de Ouro.
Classificando o ídolo do Milan e da seleção brasileira como "superestimado", ela atribuiu seu status ao fato de Kaká ser "branco e de classe média alta". Fatores esses que, sim, impulsionam conquistas e criam símbolos na sociedade, mas dificilmente constroem heróis nacionais.
Oscar, David Luiz, Alisson Becker, Arthur... Todos vestiram a camisa da Seleção e jogaram em grandes clubes europeus. Nenhum deles foi considerado pelas principais premiações do futebol e sequer foram eternizados na memória do torcedor. Acontece que o privilégio leva homens muito longe, mais até do que alguns merecem, mas sem um diferencial eles se perdem no meio de tantos. E Kaká nunca se perdeu nos demais.
Protagonista em um Milan que tinha Andrea Pirlo, Paolo Maldini, Clarence Seedorf, só para citar alguns, o auge do brasileiro não teve nada de efêmero. Se sua cor realmente impulsionou sua chegada ao topo, Kaká se manteve lá por méritos próprios e que nada envolvem seus privilégios enquanto homem fora das quatro linhas.
Embora seja difícil separar, é preciso fazer essa distinção: Ricardo Izecson dos Santos Leite é um homem branco, de classe média alta e que contou com vários privilégios ao longo de sua vida. Kaká, por outro lado, é um herói nacional que encantou milhares de pessoas com competência, habilidade e muita entrega. Em qualquer outro ambiente, essa diferença dificilmente seria importante, mas no esporte ela pode ser justamente a linha tênue entre classificar um grande jogador como superestimado e reconhecer um dos maiores nomes recentes da história.
O mais perto que o meia chegou de ser comum foi quando sofreu com as lesões, já no Real Madrid. Ainda assim, brilhou mais uma vez nos gramados de Orlando City. O apreço por Kaká não é decorrência de sua cor ou conta bancária, mas sim porque ele nunca foi coadjuvante. Se a alcunha de 'bom menino' veio acompanhando ao habilidoso pacote entregue no Brasil com a camisa 10, que seja.
'Bom' é muito pouco para classificar um herói.