Libertadores: Há 10 anos, o Corinthians superou o imprevisível para entrar na história

Em uma campanha que não teve nada de óbvio, o Corinthians conquistou a Glória Eterna
Em uma campanha que não teve nada de óbvio, o Corinthians conquistou a Glória Eterna / AFP/GettyImages
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No dia 4 de julho de 2012, exatos 10 anos atrás, o Corinthians ganhou a América do Sul. Ou vice-versa, não sei bem. Na imprevisível campanha alvinegra, a torcida teve motivos de sobra para imaginar que não teria como avançar a partir de determinado ponto. Santos de Neymar, Diego Souza sozinho diante de Cássio, Boca saindo em vantagem...

A sequência de acontecimentos parecia indicar que a história tinha chegado ao seu ápice. Eram provações demais. Poderia um time superar o imprevisível tantas vezes e ainda assim se manter de pé? Quantos tiros no escuro são necessários para acertar um único alvo? Em 2012, o Timão acertou todos. Ninguém resistiu.

No mata-mata, passar pelo Emelec nem foi tão difícil assim. A arbitragem caseira na ida acabou sendo o maior dos desafios. Nas quartas, quis o destino que a classificação tivesse requintes cinematográficos. Depois de um empate sem gols com o Vasco da Gama na ida, o até então pouco conhecido Cássio parou Diego Souza. Sozinho. 100% divino. Ninguém conseguira explicar.

Na semifinal, o adversário era o Santos de Neymar, que à época defendia o título conquistado na edição anterior. Com uma vitória do Timão na Vila Belmiro e um empate no Pacaembu, o Peixe sucumbiu. Teria a cota de milagres chegado ao fim? Quem resistiria ao poderoso Boca Juniors, dono de seis taças da Libertadores e uma tradição que atravessa oceanos?

A Bombonera pulsava. Ensurdecedora. Imponente. Quando Roncaglia anotou no primeiro tempo, o desenho parecia muito óbvio. Mas essa era exatamente a questão. Nada naquela edição era óbvio. Por isso num grupo de peças consolidadas, como Ralf, Paulinho e Danilo, o herói veio a ser Romarinho. Quase que encomendado por São Jorge.

Na volta, Emerson Sheik anotou duas vezes para levar as 37.959 pessoas ao delírio no Pacaembu. Este que escreve, assistiu pela televisão. Chorou todas suas lágrimas de uma só vez e aprendeu que do Corinthians não se duvida. Que o óbvio nunca fará parte da história do clube. E que a Fiel pulsa em absolutamente qualquer lugar.

Quis o danado do destino de novo que, 10 anos depois, o Boca Juniors estivesse no meio do nosso caminho. Desta vez pelas oitavas de final. Dentre tantas mudanças na última década, a maior força do Timão segue intacta. É a torcida que desafia o óbvio, é a torcida que supera o imprevisível, é a torcida que dispara o tiro no escuro.

Eu te amo Corinthians. Quando você perde para o Cuiabá, quando você ganha do Chelsea, na invasão do Maracanã, nas sucessivas quedas em Libertadores, no 7 a 1 diante do Santos, no empate com o Always Ready... eu posso nem sempre gostar de você, mas eu sempre te amo. E eu prometo que apoio nunca vai faltar. Marcharemos rumo ao bicampeonato continental. Juntos.

Alessandro e Chicão, jogadores do Corinthians
Chicão e Alessandro, dois dos principais personagens da conquista / Buda Mendes/GettyImages