Lugano lembra tensão antes de duelo pelo Mundial e revela discordância no elenco do São Paulo sobre o Liverpool

Às vésperas de aniversário do título mundial, o ídolo tricolor contou bastidores sobre a conquista em entrevista ao The Players Tribune
Às vésperas de aniversário do título mundial, o ídolo tricolor contou bastidores sobre a conquista em entrevista ao The Players Tribune / Shaun Botterill/GettyImages
facebooktwitterreddit

Neste sábado (18), o último Mundial de Clubes conquistado pelo São Paulo completa 16 anos. Em 2005, o time do Morumbi levou o tricampeonato ao bater o Liverpool na final por 1 a 0.

Um dos protagonistas daquele elenco, o ex-zagueiro Diego Lugano destacou o otimismo que os jogadores do São Paulo demonstravam em conversa antes da decisão numa carta publicada pelo The Players' Tribune.

"Pra você ter uma ideia de como aquele elenco esbanjava confiança, a conversa antes da final era: 'Somos um time melhor que o Liverpool. Vamos ganhar na boa!' Eu ficava louco", conta, antes de revelar que discordava do ponto de vista dos colegas sobre o adversário inglês.

"'Peraí, o que vocês estão falando?! Não, nós não somos melhores!!' Os caras tinham Gerrard, Luis García, Carragher, Reina, Kewell... Eu tentava de todo jeito colocar na cabeça dos meus companheiros que a gente precisaria se defender bem para depois contra-atacar", lembra o ídolo são-paulino. 

O respeito ao rival também criou uma ambiente de tensão para Lugano, que entrou na final preparado para a pressão que acabou imposta pelo Liverpool em busca do empate. "Eu tava tenso para aquele jogo. Mas nós ganhamos o jogo porque estávamos preparados para sofrer."

Outra recordação citado por Lugano tem a ver com sua chegada ao São Paulo, em 2003. O uruguaio conta que, por ser desconhecido do futebol brasileiro, passou "um mês apanhando da imprensa" até sua estreia, bancado pelo ex-presidente Marcelo Portugal Gouvêa.

"Todo dia era uma notícia me criticando. Pô, imagina? Jovem, com 22 anos, jogando em outro país, sem falar o idioma. Eu lembro que chegava em casa e chorava todas as noites. Então, cara, antes do meu primeiro jogo eu tava com muita raiva acumulada", lembra.

Conhecido pela postura aguerrida em campo, o ídolo uruguaio conta que esse sentimento foi o motor de transformação que viveu dentro de campo. "Eu não sabia como demonstrar vontade e era meu jeito de descontar a a raiva. Meu sentimento entrava em campo. Eu jogava como sentia. Foi daí que surgiu outro Lugano. Um Lugano que nem eu conhecia. O Lugano que virou lenda do São Paulo, um dos maiores clubes do mundo", recorda o ex-zagueiro.

Leia a carta de Lugano na íntegra.